” – Entre a minha juventude tola e a vida das pessoas que conheci, aprendi que o pânico rouba. O pânico deixa marcas. Quando um homem sente pânico, nunca mais enfrentará um desafio sem sentir algum medo. Quando o homem conhece o verdadeiro medo, esquece o rosto fixo da segurança. Porque o pânico, o pânico verdadeiro, é um estado de espírito maior do que o pensador. Ele encolhe o pensador. Torna o pensador pequeno! E quando um homem descobre algo maior que ele, sente-se impressionado. E o que é o espanto senão reverência? E o que é a reverência, senão respeito?”
“ – Sensação, porque temos de saborear cada refeição, cada sílaba de riso, cada segundo em que sorrimos. Suspensão, porque temos de saber suspender a descrença em todas as esferas da vida. E sentimento, porque… bem… o sentimento é que decide tudo, não é?”
Josh Malerman nasceu em 1975 em Michigan, nos Estados Unidos da América. É cantor e compositor da banda de rock The High Strung e escritor de romances e contos. Ficou recentemente conhecido com o seu sucesso literário Às Cegas, de que falámos aqui.
Nesta obra J tem 12 anos e é aluno de uma escola muito peculiar. Vive numa torre erguida nas profundezas de uma floresta, com o seu P.A.I. e todos os outros homens da sua família e com os seus 23 irmãos. Em tempos, foram 26 rapazes. Hoje, são apenas 24, todos criados para se tornarem prodígios em algo. Mas a perfeição tem um preço caro e o que os rapazes não sabem é que são vitimas do desejo de perfeição da sua família.
J não sabe o que é uma mulher. Não conhece sequer a palavra ela, porque as mulheres distraem os homens dos seus objectivos e tudo o que o P.A.I. não quer são distracções. Nunca passou para lá do pequeno pomar que cerca a sua torre e teme, afincadamente, O Canto, que lhe levou os irmãos A e Z. Mas até quando pode esta situação continuar assim? Os rapazes estão a crescer…
Quando comecei a ler este livro a primeira coisa que me lembrei foi A Alegoria da Caverna, de Platão. Também aqui os rapazes só vêem o que querem que eles vejam e essa é a sua realidade. A primeira parte do livro é passada a explicar essa realidade, essa inacreditável realidade, mas que se formos bem a ver quase que podia acontecer. Quem sabe?! É uma primeira parte que se lê com algum interesse, mas que não nos agarra à história e nos marca para a vida. Apenas nos deixa um pouco curiosos sobre o desenrolar da acção.
Então, os rapazes começam a descobrir coisas. E o leitor também. E o livro começa a valer realmente muito a pena.
O final, para mim, é de longe a melhor parte. Eu nunca adivinharia. Eu nunca o teria escrito assim. Mas é genial e a imagem que nos passa pela cabeça dava com toda a certeza um filme incrível! É um filme que, se chegar a existir, eu vou ver MESMO!
Admito que ainda assim gostei mais do Às Cegas, o primeiro livro do autor. É um terror que nos acompanha do início ao fim da obra. Mas Inspeção, apesar de ligeiramente mais fraco, é também um livro muito bom! Não me sinto desiludida.
Livro recomendado!