“E me perguntava que destino teria eu se, em vez de me ensinarem as primeiras letras, na minha infância me apresentassem tão-somente livros de arte. Daí imaginava pintores anónimos e analfabetos, que obrariam em segredo as telas dos grandes mestres da pintura. Seriam pintores cercados de mimos, comeriam do bom e do melhor, teriam amantes silenciosas, mas acima de tudo amariam ver suas obras-primas assinadas pelos grandes mestres, expostas em museus do mundo inteiro.”
“Aumentei o volume, mas a locução era em húngaro, única língua do mundo que, segundo as más-línguas, o diabo respeita.”
Francisco Buarque de Hollanda, mais conhecido como Chico Buarque nasceu no Rio de Janeiro a 19 de Junho de 1944. É músico, dramaturgo, escritor e actor. É conhecido por ser um dos maiores nomes da música popular brasileira e a sua discografia conta com aproximadamente oitenta discos. Foi já vencedor de diversos prémios, incluindo o Prémio Camões em 2019.
José Costa é um escritor anónimo. É pago para escrever artigos de jornal, discursos, cartas e livros que, depois, serão conhecidas como tendo sido escritas por outras pessoas. Vive no Brasil, com a mulher Vanda e o filho. Um dia, ao regressar de um encontro de escritores em Instambul, é obrigado a fazer escala em Budapeste. E é aí que a sua vida começa a mudar. José apaixona-se pela língua e torna-se obcecado por aprendê-la. Volta a Budapeste para aprendê-la e acaba por tornar-se amante de Kriska, a sua professora.
Este é um livro pequeno e singelo, que se lê bem apesar do texto corrido. Não sou fã da ideia de “uma mulher em cada porto”, nem sequer na literatura, e esse pormenor fez-,me desgostar um pouco do livro, mas tirando isso foi uma leitura bastante agradável.
José é no início um homem resignado, acomodado com um emprego onde é explorado, sem grandes aspirações nem vontades. Quando decide aprender a língua húngara chega a ser quase uma surpresa a forma como impõe essa sua decisão. Aos poucos vemos nele uma mudança, ainda que não muito vincada.
Um bom livro, bonito na sua generalidade, que fala de um homem que podia ser qualquer um de nós.
Livro recomendado.
Já li há alguns anos e gostei muito 🙂
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