Podem ver as minhas metas literárias iníciais para 2022 aqui. Entretanto, alguns desses livros já li e outros acho que não são uma prioridade para mim nos próximos tempos. Por isso, resolvi actualizar as minhas metas. Que vos parece?
Mataram a Cotovia – Harper Lee
Situado em Maycomb, uma pequena cidade imaginária do Alabama, durante a Grande Depressão, o romance de Harper Lee, vencedor do Prémio Pulitzer, em 1961, fala-nos do crescimento de uma rapariga numa sociedade racista. Scout, a protagonista rebelde e irónica, é criada com o irmão, Jem, pelo seu pai viúvo, Atticus Finch. Ele é um advogado que lhes fala como se fossem capazes de entender as suas ideias, encorajando- -os a refletirem, em vez de se deixarem arrastar pela ignorância e o preconceito. Atticus vive de acordo com as suas convicções. É então que uma acusação de violação de uma jovem branca é lançada contra Tom Robinson, um dos habitantes negros da cidade. Atticus concorda em defendê-lo, oferecendo uma interpretação plausível das provas e preparando-se para resistir à intimidação dos que desejam resolver o caso através do linchamento. Quando a histeria aumenta, Tom é condenado e Bob Ewell, o acusador, tenta punir o advogado de um modo brutal. Entretanto, os seus dois filhos e um amigo encenam em miniatura o seu próprio drama de medos, centrado em Boo Radley, uma lenda local que vive em reclusão numa casa vizinha.
Rapariga, Mulher, Outra
Bernardine Evaristo

As doze personagens centrais deste romance a várias vozes levam vidas muito diferentes: desde Amma, uma dramaturga cujo trabalho artístico frequentemente explora a sua identidade lésbica negra, à sua amiga de infância, Shirley, professora, exausta de décadas de trabalho nas escolas subfinanciadas de Londres; a Carole, uma das ex-alunas de Shirley, agora uma bem-sucedida gestora de fundos de investimento, ou a mãe desta, Bummi, uma empregada doméstica que se preocupa com o renegar das raízes africanas por parte da filha. Quase todas elas mulheres, negras e, de uma maneira ou de outra, resultado do legado do império colonial britânico. As suas histórias, a das suas famílias, amigos e amantes, compõem um retrato multifacetado e realista dos nossos dias, de uma sociedade multicultural que se confronta com a herança do seu passado e luta contra as contradições do presente. Um romance atual, brilhantemente escrito, que repensa as questões de identidade, género e classe com o pano de fundo do colonialismo, da emigração e da diáspora. Força narrativa e escrita cativante num empolgante mosaico de histórias de vida que farão o leitor repensar a sua maneira de ver o mundo.
Não Matem o Bebé
Kenzaburõ Õe
Aos vinte e sete anos, Passarinho ainda não perdeu a alcunha de infância e passa os dias a sonhar com uma viagem de aventuras pelo continente africano, mas depois de casado e com um trabalho estável que o sogro lhe arranjara como professor de inglês numa escola particular, parece ver as raízes cravarem-se cada vez mais fundo. É então que nasce o seu primeiro filho: com metade do cérebro fora do crânio e uma esperança de vida que pode não passar de dias. O primeiro impulso é fugir. Com uma garrafa de Johnnie Walker em punho, toca à campainha de Himiko, sua antiga colega de faculdade, e procura abrigo no passado, enquanto no hospital se define o seu futuro. Escrita em 1964, esta é provavelmente a mais pessoal das obras de Kenzaburo Oe e um dos seus mais importantes romances, anunciando já então a originalidade e a força poética que lhe mereceriam trinta anos mais tarde, em 1994, a atribuição do Prémio Nobel da Literatura.
Doramar ou a Odisseia
Itamar Vieira Junior

Depois do sucesso conseguido com o romance Torto Arado – que venceu em Portugal o Prémio LeYa e a seguir, no Brasil, os prestigiados prémios Jabuti e Oceanos e está a ser traduzido em mais de uma dúzia de línguas -, Itamar Vieira Junior regressa com uma coletânea de histórias fascinantes que o confirmam como um grande narrador. Com linguagem rica e poética e estrutura variada e inovadora, as narrativas presentes neste volume são herdeiras da tradição literária brasileira, mas ao mesmo tempo profundamente contemporâneas no tratamento de questões como a destruição da floresta, a exploração dos mais fracos, a construção de muros entre países, as lutas pelos direitos humanos. Tal como sucedia em Torto Arado, as heroínas destas histórias são maioritariamente mulheres obrigadas a lutar contra a adversidade, como, de resto, a Doramar que dá nome ao conjunto; mas também não são esquecidos aqueles que regra geral não têm voz, como os escravos levados de África ou os índios empurrados para fora das suas terras. Este é um livro memorável sobre como as raízes sempre ensombram o futuro. Absolutamente imperdível, reúne textos anteriores e posteriores ao romance que celebrizou o autor.
Mãe para Jantar
Shalom Auslander

E se tivesse de comer a sua mãe para receber a sua herança? Antes do último suspiro, a mãe deste romance sussurra: Come-me. Os filhos da família Seltzer sabiam que ela o faria, mas não deixa de ser um último desejo desagradável, cruel até. Os doze irmãos Seltzers são canibais americanos, em tempos uma minoria étnica orgulhosa e florescente. Vão confrontar-se com os seus paradoxos, tradição, culpa, conflitos fraternais e a quantidade descomunal de carne que há para comer – e que sabe mal, porque «as mães sabem muito mal». Mas só assim poderão receber a sua herança. Sétimo, o protagonista de Mãe para o Jantar, fala dos problemas logísticos e emocionais desta comezaina; Segundo só come comida kosher; Nono é vegano; Primeiro odiava a matriarca e os valores tribais; Sexto morreu (menos um com quem repartir tudo). Auslander assina uma sátira hiperbólica. Um olhar hilariante e cínico sobre as identidades étnicas e sobre o fardo da tradição que pesa sobre as minorias que tomam a opressão como identidade. Para leitores que não temem um romance de humor, escândalo e provocação.
Os Sete Maridos de Evelyn Hugo
Taylor Jenkins Reid

Evelyn Hugo, uma das maiores estrelas de Hollywood, agora a aproximar-se dos 80 anos, decide finalmente contar tudo sobre a sua vida recheada de glamour e de uma boa dose de escândalos. Quando escolhe a desconhecida Monique Grant para escrever a sua história, todos ficam surpreendidos, incluindo a própria jornalista. Porquê ela? Porquê agora? Determinada a aproveitar a oportunidade para impulsionar a sua carreira, Monique regista o relato de Evelyn com fascínio e admiração. Da chegada a Hollywood no início da década de 1950 à decisão de abandonar o mundo do espetáculo 30 anos depois, incluindo, claro está, os seus sete casamentos, a vida de Evelyn é repleta de ambição desmedida, amizades improváveis e um grande amor proibido. À medida que a história de Evelyn se aproxima do final, torna-se claro que a sua vida está ligada à de Monique de uma forma trágica e irreversível.
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