“A crença deve ser uma escolha consciente, não uma coisa que nos é martelada na cabeça quando somos demasiados jovens para compreender ou questionar. A fé não é uma coisa que se passe de pais para filhos como uma jóia de família. Não é tangível ou absoluta. Nem sequer para um sacedorte. É uma coisa em que estamos sempre a trabalhar, como o casamento ou os filhos.”
(p. 39)
“Não é demasiado tarde. Foi o que os conselheiros lhe disseram. Ainda podes construir uma vida. Podes deixar isto para trás. Tudo mentiras, claro. Ninguém pode deixar o passado para trás. O passado faz parte de nós. Segue-nos como um velho cão fiel, recusa deixar-nos. E, por vezes, morde-nos o traseiro.”
(p. 34)
C. J. Tudor nasceu em 1972 no Reino Unido. Tornou-se uma autora aclamada nos últimos anos ao ficar conhecida pela soa obra O Homem de Giz. Entretanto também já publicou Os Outros e Levaram Annie Thorne.
Em Raparigas em Chamas conhecemos a vigária Jack e a sua filha Flo. Após algo de muito errado acontecer na sua igreja em Notthingham, Jack e Flo são enviadas pela igreja para uma pequena terra, Chapel Croft, após o vigário de lá ter falecido. Mas rapidamente começa a perceber que algo de muito estranho se passa…
Uma terra pequena com estranhas tradições, uma história de mártires queimados na figueira e mais recentemente do desaparecimento de duas raparigas. Nesta obra temos diferentes tempos e mistérios, diferentes casos por resolver e, no fim, todos se entrelaçam.
Por vezes, quando lemos várias obras do mesmo autor, acabamos por ter a sensação de que estamos a ler novamente a mesma coisa, que apesar da história mudar acaba por ter tantas semelhanças com a anterior que não nos traz nada de particularmente novo. Outras vezes a história acaba por ser totalmente diferente mas umas têm muita qualidade, outras menos. C J. Tudor tem um dom que não é muito frequente: as suas obras trazem-nos sempre a mesma aura de mistério e suspense, a mesma sensação de paranormal e de encanto, sem se tornarem iguais umas às outras e sem diminuirem de qualidade. As histórias são bastante diferentes, o que pode levar-nos a preferir uma a outra; mas a verdade é que todas têm sido, até agora, únicas e excepcionais!
É fácil vestirmos a pele de Jack e da filha e começar a torcer por elas, mesmo quando começamos a perceber que ninguém é só bom nesta história, tal como ninguém é só mau. É uma leitura que nos mostra vários pontos de vista sobre o mesmo assunto e conseguimos compreender as motivações de cada um e como chegaram àquela situação. O final, claro, é excelente.
Ume leitura rápida e empolgante, uma história cheia de pormenores e a que é preciso prestar muita atenção para conseguir perceber (adivinhar) como vai acabar. Um livro que não desilude em nada!
Recomendado! 5*