“Dizem que o ódio e a amargura nos destroem. Estão enganados. É a esperança. A esperança devora-nos por dentro como um parasita. Deixa-nos pendurados como um isco por cima de um tubarão. Mas a esperança não nos mata. Não é assim tão generosa.”
“Desaparecer é diferente de morrer. De certa maneira, é pior. A morte oferece finalidade. A morte dá-nos licença para chorar. Para fazer um serviço fúnebre, para acender velas e pôr flores. Para deixar ir. Desaparecer é um limbo. Ficamos perdidos; num lugar estranho e sombrio onde a esperança brilha como uma débil chama no horizonte e a infelicidade e o desespero voam em círculos no céu, como abutres.”
“Não era que não se amassem. Em tempos, tinham-se amado com fúria, com loucura. Mas o amor apaixonado esmorece sempre. Tem de ser. Como tudo o mais, o amor tem de evoluir. Para sobreviver, tem de se tornar em brasas em vez de labaredas. Mas mesmo assim é preciso cuidar dele, mantê-lo a emitir calor. Quando o deixamos demasiado ao abandono, durante demasiado, o fogo apaga-se e deixa-nos a remexer nas cinzas, à procura daquela centelha que outrora tínhamos.”
C. J. Tudor nasceu em Salisbury, no Reino Unido, em 1972. Saiu da escola com 16 anos e teve diversos empregos ao longo do tempo, como passear cães. Tentou durante mais de uma década publicar um livro, mas foi constantemente rejeitada pelas editoras. Em 2018 conseguiu finalmente publicar o seu primeiro livro, O Homem de Giz, que foi um sucesso estrondoso, encantou leitores um pouco por todo o mundo e se encontra traduzido em diversas línguas.
Dela chega-nos agora Os Outros.
Ao conduzir uma noite para casa, Gabe vê uma menina no carro da frente. É a sua filha Izzy, de cinco anos. Persegue o carro mas acaba por perdê-lo no trânsito. Em casa, a policia diz-lhe que a mulher e a filha estão mortas. Mas Gabe sabe que não é verdade, afinal, ele viu a pequena Izzy na autoestrada. Ou estará a ficar louco? Três anos depois, Gabe ainda passa os dias a conduzir na autoestrada, à procura do carro que lhe levou a filha. Mas conseguirá encontrar alguma coisa?
Fran e Alice também passam grande parte do seu tempo na estrada. Mas não estão à procura de algo, estão em fuga. Porque Fran sabe o que aconteceu a Izzy, e sabe o que Os Outros lhe farão se a encontrarem.
Este é o terceiro livro de C. J. Tudor, depois de O Homem de Giz e de Levaram Annie Thorne, dois enormes sucessos. Para mim, este foi o livro mais singelo, o mais fácil de desvendar. Tem ainda assim uma ou outra reviravolta, mas nada de mais. O ponto forte é a carga emocional que carrega. A morte de um ente querido, o desaparecimento de um filho, o desespero de não encontrar quem se procura, a solidão, os natais que deixam de ser natais… é um livro com uma componente muito comovente.
C. J. Tudor escreve muito bem, a leitura é fluída e entusiasmante. E ela é uma verdadeira mestre a escrever histórias complexas, com mais do que um ponto de vista, mais do que um crime ou mistério. E consegue, o que é ainda mais difícil, não deixar pontas soltas no fim. Nas suas histórias todas as personagens são terrivelmente humanas. Não há ninguém unicamente bom ou unicamente mau. Todos têm os seus segredos, as suas dores, os seus próprios crimes. Esta história não é excepção, e isso aproxima muito os leitores dos seus livros.
No geral, este foi um thriller intenso e interessante. Para mim foi o mais fraco dos três livros da autora, mas é ainda um livro muito bom. A história é complexa, cheia de detalhes e, o fim, tudo bate certo. Isso, a par com o suspense e a carga emocional que carrega, tornam-no num livro muito bom!
Livro recomendado! 5*
Parece ser um bom livro.
Li o homem de giz e gostei, este parece ser muito interessante.
Cumprimentos
Os Piruças
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Eu gostei dos três, mas o meu preferido é Annie Thorne. Tem um lado mais sobrenatural que me fez lembrar Stephen King, adorei!
Cumprimentos!
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