“Sinto-me incrivelmente grata ao Reino Unido pelo acolhimento caloroso que eu e a minha família recebemos. Mas não se passa um único dia em que não sinta saudades de casa. Sinto a falta das minhas amigas e do sabor do chá paquistanês, que é ferido com leite num fogão e adoçado com açúcar. Aqui, a minha mãe faz arroz e galinha, o meu prato favorito, mas o seu sabor é diferente do do Paquistão. Não o consigo explicar, para além de dizer que ali é mais saboroso. Passa-se o mesmo com o nosso peixe, que é fino e frito numa frigideira com especiarias. Totalmente diferente do peixe frito e batatas fritas que todos adoram em Inglaterra. Todos menos eu!Sinto a falta dos sons da língua pashto a ser falada nas ruas e do cheiro da terra após uma chuvada forte na aldeia montanhosa onde os meus avós viviam. Sinto a falta do verde luxuriante do vale do Suat, o lugar a que chamei casa durante os primeiros quinze anos da minha vida.“

Malala Yousafzai nasceu a 12 de julho de 1997 em Mingora, no Paquistão. Cedo se tornou uma voz activa pelo direito das meninas paquistanesas à educação, o que a tornou também um alvo. Em Outubro de 2012, quando tinha 15 anos, foi baleada no rosto por um talibã. Tornou-se, ainda mais, uma voz ativa pelos direitos das meninas e mulheres, em particular o direito à educação e tornou-se na mais jovem vencedora do Prémio Nobel da Paz, em 2014.
No livro Nós somos refugiadas Malala conta novamente a sua história, mas também nos apresenta a história de diversas outras mulheres e meninas que, como ela, são refugiadas.
Este é um livro de não-ficção, e talvez isso seja o que lhe dá ainda mais peso. Alguém que, como a maioria de nós, nunca teve de deixar toda a sua vida para trás e fugir para um país estrangeiro, que nunca sentiu o desespero de temer pela vida a cada instante que passa, tem uma certa sensação de irrealidade ao ler estas histórias. Soam-nos estranhas, ficticias. Mas a verdade é que são reais, e isso deixa o leitor com um aperto no peito e uma dor na alma que dificilmente se esquecem.
As histórias destas mulheres são histórias duras, mas também que revelam uma profunda coragem e esperança. São histórias que nos mostram que somos capazes de tudo para sobreviver, que a determinação humana pode ir muito além do que esperamos. Depois de tudo o que passaram, estas refugiadas ainda têm a vontade de marcar a diferença, de fazer história e de lutar contra os poderes que lhes mudaram a vida. E isso é impressionante.
Muito recomendado! 5*
Eitaaaa, não sabia da existência desse livro!! Obrigada demais!!
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Ainda bem que interessou 😉
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