“É certo que eu perco um molho de lenha, mas ganho uma companheira de brincadeira para a minha solitária cabra, e assim ficamos os quatro a ganhar. Neste mundo aqui de baixo ninguém pode ganhar nada sem aceitar perder alguma coisinha, nem que seja a vida de alguém querido, ou a própria vida.”
“Os dias sucederam aos dias, os comboios aos comboios. Nos vagões selados agonizava a humanidade. E a humanidade fazia de conta que não sabia.”
Jean-Claude Grumberg nasceu a 26 de Julho de 1939 na França. É dramaturgo, argumentista, escritor e descendente de prisioneiros de Auschwitz.
Em A Mais Preciosa Mercadoria temos um casal de lenhadores muito pobre. A mulher, tem dois sonhos: poder comer até fartar por um dia que seja e ser mãe. Mas a pobreza dá-lhe a falta de comida e ela já não tem idade para ser mãe. Os pobres lenhadores vivem perto de uma linha de comboio, onde passa sempre o mesmo comboio de mercadorias. A pobre mulher corre atrás do comboio de todas as vezes que ele passa na esperança de que um dia, alguma mercadoria seja lançada do comboio para ela. E é o que acontece mesmo quando, certo dia, uma mão assoma à janela e lhe lança aquilo com que ela mais sonhava…
A Mais Preciosa Mercadoria é sem dúvida uma pequena e preciosa obra. Em jeito de fábula, é um livro que começa com “Era uma vez”, que nos lembra logo de início de algumas histórias infantis e que nos avisa, logo de seguida, que não se trata de uma história infantil. É um livro que fala da maldade sem falar, que fala de Auschwitz sem nunca mencionar Auschwitz, que se mascara de ingenuidade para falar de maldade, que usa a bondade para disfarçar a maldade.
Este é um daqueles livros de que chega a ser difícil falar. É bom, é mesmo muito bom, capaz de nos fazer chorar. Dá-nos em vários momentos um aperto no peito, uma dor na alma e enche-nos os olhos de lágrimas.
Tenho, evidentemente, um novo livro na minha lista de favoritos. Um livro maravilhoso, daqueles que toda a gente devia ler.
Livro muito recomendado!!!