“Descobri que a minha obsessão de que cada coisa estivesse no seu lugar, cada assunto no seu tempo, cada palavra no seu estilo, não era o prémio merecido de uma mente ordenada mas, pelo contrário, um sistema completo de simulação inventado por mim para ocultar a desordem da minha natureza. Descobri que não sou disciplinado por virtude, mas como reacção contra a minha negligência; que pareço generoso para encobrir a minha mesquinhez, que passo por prudente por ser pessimista, que sou conciliador para não sucumbir às minhas cóleras reprimidas, que só sou pontual para que não se saiba que pouco me importa o tempo alheio. Descobri, por fim, que o amor não é um estado de alma mas um signo do Zodíaco”
“Nunca esqueci o seu olhar sombrio enquanto tomávamos o pequeno almoço: Porque me conheceste tão velho? Respondi-lhe a verdade: A idade não é a que temos mas a que sentimos.”
Gabriel García Márquez nasceu a 6 de Março de 1927 em Aracataca, na Colômbia. Era filho de Gabriel Eligio García e de Luísa Santiaga Márquez, que tiveram ao todo onze filhos. A sua reputação é inigualável. As suas obras inserem-se no realismo mágico, um estilo literário que fica entre a realidade e a fantasia, as experiências reais e os sonhos, tocando nos dois mundos. Foi o vencedor do Prémio Nobel da Literatura em 1982.
Em Memória das Minhas Putas Tristes conhecemos a história de um velho jornalista que, na véspera de fazer 90 anos, decide oferecer a si mesmo uma noite de amor louco com uma virgem. Para isso vai ao bordel de Rosa Cabargas, que lhe arranja uma jovem virgem, mas acaba por não acontecer nada. No entanto ele volta, uma e outra vez.
Ao longo da história vamos conhecendo a vida deste velho jornalista, mais do que as suas noites de amor. Homem de muitas mulheres, pagou a todas, mas nunca amou nenhuma. Vive na mesma casa onde cresceu, dorme na mesma cama onde nasceu. Nunca casou, nunca se apaixonou, nunca soube o que era o verdadeiro amor e nunca quis realmente saber. Mas, aos 90 anos, a sua vida está a mudar…
Este livro é muito diferente dos outros livros de Gabriel. Aqui não há nada de realismo mágico. não há ventos sobrenaturais nem misticismos para nos fazer sonhar. É um livro sem demónios, que vem somente para nos falar do amor, do sexo, e de como nunca é tarde de mais para amar. É real, duro e cru, mas sem ser chocante. Não há cenas explicitas de sexo nem grandes surpresas. São só as memórias de um velho solitário que descobre, de repente, o que é o amor.
Livro recomendado!
4*