Teresa e Isabel – Violette Leduc

“Durante esse instante de imobilidade, que nos era pessoal, a terra parou de girar, os homens cessaram de nascer, de viver, de morrer. O tempo, o espaço, os objectos, a consciência de nós mesmos tinham sido abolidos. Nós não existíamos a não ser nos nossos lábios unidos. “

“O amor é uma invenção esgotante.”

“Porque não posso eu reproduzir-me mil vezes e oferecer-lhe mil Teresas. Eu sou apenas eu própria. É demasiado pouco. Não sou uma floresta. Um fio de palha nos meus cabelos, um pedaço de confetti nas pregas do meu bibe, uma joaninha entre os meus dedos, uma penugem no meu pescoço, uma cicatriz na face, sufocavam-me. Por que é que não sou como a cabeleira do salgueiro para a mão dela que acaricia os meus cabelos?”

 

Um dos maiores prazeres que tenho enquanto leitora é o de descobrir bons livros entre as prateleiras dos alfarrabistas e das estantes menos mexidas das bibliotecas. Livros pouco ou nada conhecidos, de uma idade respeitável e que não poucas vezes nos surpreendem pela qualidade.

Foi assim que descobri a Freira Pagã, um dos livros que mais marcou a minha vida de leitora, e vários outros ao longo do tempo. E foi assim com Teresa e Isabel.

Violette Leduc nasceu em Arras, na França, a 7 de Abril de 1907. Apesar de ser pouco conhecida entre nós, as suas obras mereceram o reconhecimento dos críticos no seu tempo. O seu talento encantou e inspirou Simone de Beauvoir, Jean Paul Sartre, Albert Camus e Jean Genet, autores proeminentes na época, mas Violette considerava-se feia e sem atractivos.

Teresa e Isabel  era para ser, inicialmente, a primeira parte de um romance chamado Ravages, mas o dito romance foi considerado impublicável e censurado. Afinal, tratava-se de uma história de amor e erotismo entre duas raparigas, que atentava fortemente à moral da época.

Nesta obra conhecemos o amor entre Teresa e Isabel, duas jovens de 17 e 18 anos que vivem num colégio interno. Mas não um amor qualquer. É um amor avassalador, fugaz, capaz de destruir tudo. E claro, é um amor proibido.

A escrita de Violette nesta obra é indescritível. Ela não enrola, não usa meias palavras. É violenta e poética ao mesmo tempo. Tal como o amor que descreve, este é um livro avassalador e fugaz.  Com pouco mais de 100 páginas, este é um romance que nos agarra, que nos prende, que nos hipnotiza. Um livro incendiário.

Fiquei positivamente surpreendia ao perceber que facilmente se encontra este livro à venda nas livrarias online. Ainda assim, acho que esta é uma obra que merecia sem dúvida uma reedição decente, melhor do que a actual. Não consigo gostar daquela capa e não acho que represente minimamente a história. Já ouviram aquele cliché que diz “não se julga um livro pela capa”? Sem dúvida que é para aplicar neste caso.

Livro muito recomendado!

5*

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