“Dando tempo ao tempo, todas as coisas do universo acabarão por se encaixar umas nas outras.”
“…porque a vida ri-se das previsões e põe palavras onde imaginámos silêncios, e súbitos regressos quando pensámos que não voltaríamos a encontrar-nos.”
“O passado é um imenso pedregal que muitos gostariam de percorrer como se de uma auto-estrada se tratasse, enquanto outros, pacientemente, vão de pedra em pedra, e as levantam, porque precisam de saber o que há por baixo delas.”
Em A Viagem do Elefante Saramago relata a viagem do Elefante Salomão até à Áustria. Enviado pelo rei D. João III e pela rainha sua esposa Catarina da Áustria foi presente de casamento para o arquiduque Maximiliano da Áustria.
Depois de ler O Ensaio Sobre a Cegueira, este livro foi uma lufada de ar fresco no que a Saramago diz respeito. É um livro muito mais leve, muito mais caricato e divertido. O autor usa muitas vezes um tom irónico e satírico capaz de pôr facilmente um leitor a rir.
Mesmo com a forma de escrita que o caracteriza, este é um livro engraçado e fácil de ler. Não acho que a história seja algo por aí além. É uma história sobre uma viagem de um elefante e pronto. O Ensaio Sobre a Cegueira, Saramago é um livro com muito mais conteúdo, que põe o leitor a pensar em coisas muito mais importantes.
Ainda assim, A Viagem do Elefante é uma obra que vale a pena ler. É um livro para desanuviar. Continua a ser a sua própria metáfora e a ter pensamentos profundos, disfarçados de histórias. E continua a ser um livro capaz de nos pôr a pensar. Mas sem grande peso.
As personagens são extremamente bem construídas, carismáticas e muito divertidas. Saramago consegue criá-las e dá-las a conhece em poucas palavras, o que é um dom para poucos.
Livro recomendado!
4*
livrosesaltos.com 