Já falei desta série em outro post. Não costumo falar duas vezes da mesma série, ou repetir-me cada vez que sai uma nova temporada, mas neste caso acho que vale a pena.
Em The Handmaid’s Tale conhecemos Gilead, um país que se formou na América sob um regime teocrático.
Quando os níveis de poluição aumentam drasticamente grande parte da população torna-se estéril e o número de crianças desce a olhos vistos. É então que uma revolta faz cair o governo americano. O poder fica entregue ao governo de Gilead, que crê que só uma volta drástica às origens pode levar Deus a dar crianças ao mundo.
Esta distopia com contornos de realidade é excepcionalmente assustadora por ser tão semelhante com a nossa sociedade que nos faz considerá-la possível. Aqui, as poucas mulheres férteis são tornadas Servas, violadas pelos mais nobres da sociedade numa cerimónia ritual que fundamentam com a Bíblia. Se engravidam, a criança é do Senhor e da sua Esposa e a Serva parte então para outra casa, onde se repete o processo.
Mas nem só de Servas vive esta história. Os castigos para qualquer pequena fuga às normas são assustadoramente bárbaros e podem calhar a qualquer um. Mutilações. Afogamentos. Fuzilamentos. A forca.
Baseada no livro A História de uma Serva, a primeira temporada acabou no exacto ponto em que também termina o livro. Ora como o livro não tem sequência mas a série teve, devo admitir que entrei na 2ª temporada meio a medo. Normalmente, quando a adaptação se prolonga para além do livro, o resultado não costuma ser muito bom.
Mas é claro que há excepções à regra, e esta série é claramente um exemplo disso.
Se a primeira temporada foi boa, a segunda foi brilhante. Mas dura, mais crua, mais real.
As personagens enfrentam novos e mais difíceis desafios, as suas personalidades tornam-se mais evidentes, os seus problemas mais reais e o universo da história expande-se novas personagens e lugares. Tenho de admitir, também, que a June da série é uma mulher bem mais interessante que a June do livro.
Esta temporada traz-nos muitos desenvolvimentos na história e muitos choques. Muitos “não acredito que isso aconteceu” e “não pode ser!”. E termina, claro, no momento mais emocionante de todos, que nos deixa de cara colada ao ecrã, a tremer de entusiasmo para que venha a 3ª temporada.
No fim, é importante relembrar que esta história é mais do que apenas uma boa história. Ela mostra-nos muitas coisas que já aconteceram na realidade, no nosso próprio mundo. E são, habitualmente, as que mais nos chocam nos seus episódios. E mostra-nos a facilidade com que podem vir a acontecer de novo, um dia, se não tivermos cuidado. Mostra-nos a nossa própria fragilidade e a fragilidade do nosso mundo. É mais do que uma simples distopia. E relembra-nos, por analogias, as diferenças que existiram e ainda existem nos papéis homem-mulher na nossa sociedade. Mais do que simplesmente passar o tempo, esta é uma série para ver e pensar.
Uma série a não perder! Recomendada!