“Dentro do globo de neve em cima da secretária do meu pai havia um pinguim com um cachecol às riscas encarnadas e brancas. Quando eu era pequena, o meu pai sentava-me ao colo e pegava no globo de neve. Punha-o de pernas para o ar, para a neve se juntar na parte de cima, e depois endireitava-o de repente. Ficávamos os dois a ver a neve cair lentamente à volta do pinguim. Eu costumava pensar que ele estava sozinho lá dentro e tinha pena dele. Um dia, falei nisso ao meu pai e ele disse: “Não te preocupes, Susie, porque ele está fechado num mundo perfeito.” “
“Horas antes de eu morrer, a minha mãe tinha pendurado no frigorifico um desenho feito pelo Buckley. No desenho, uma grossa linha azul separava o ar da terra. Nos dias a seguir, vi a minha família andar de um lado para o outro diante daquele desenho e fiquei convencida de que a grossa linha azul era um sitio real – uma zona intermédia onde o horizonte dos céus se encontrava com o da terra. E desejei ir para lá, para o azulão do lápis de cor, para o azul, para o firmamento.”
Susie Salmon tem 14 anos quando o vizinho do lado a apanha no milheiral, a viola e a mata. É isso que ficamos a saber logo desde o início deste livro. Susie está morta, a sua família está viva e mora ao lado do homem que a violou e assassinou.
Susie era uma rapariga viva e irrequieta, que gostava de xadrez mas não das salas de aula. Vivia com os pais e os dois irmãos: Lindsey, um pouco mais nova que ela, e Buckley, de quatro anos.
Quando Susie morre, logo no inicio da história, vai para o seu próprio céu. Um céu que, tal como os globos de neve, é um mundo fechado e perfeito. Ou quase perfeito porque, afinal, a sua família não está com ela. Continua cá em baixo, na terra, à procura de pistas que os levem primeiro ao paradeiro de Susie e depois ao seu assassino.
Ao longo do livro vamos acompanhando essas duas situações em paralelo: a nova vida de Susie, no céu, e a nova vida da sua família na terra, sem ela.
Este é um livro brilhante. Transforma uma situação de brutalidade como a violação e o assassínio de uma jovem de 14 anos em algo repleto de amor e ternura em cada página. A maldade está lá, sim, mas o resto é mais importante.
Dá ao leitor uma visão clara de uma vida depois da morte sem se cingir a uma religião, a um Deus ou a qualquer tipo de preconceito religioso. Mostra a dor de uma família pela perda inesperada de um dos seus, a maneira como cada um reage a isso e como no fim se consegue seguir em frente, mesmo que a falta continue lá. A saudade não desaparece, as personagens só passam a senti-la de maneira diferente.
É um livro lindo, uma leitura leve e doce apesar da brutalidade da história que lhe serve de base.
Livro muito, muito recomendado!
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