Uma coisa que ouço muito quando falo das minhas leituras é “mas como é que tu lês tanto?”. Às vezes fico com a sensação de que a pessoa ficou a pensar que não faço mais nada além de ler. Mas a verdade é que faço sim, muitas coisas.
Sabendo que a correria do dia a dia não é fácil para ninguém, hoje venho trazer-vos alguns poucos conselhos para ler mais, melhor e aproveitar melhor o nosso escasso tempo para leituras. É claro que não há milagres. Mas a leitura, como quase tudo o resto, é um processo e há sempre espaço para melhorar.
Escolhe BEM as leituras
Eu defendo este ponto com unhas e dentes. Se o tempo para ler já de si é pouco, porque havemos nós de o tornar ainda mais complicado com leituras que não nos conquistaram logo de caras?
Há toda uma infinidade de livros para ler, para todos os gostos e feitios. Então, de que me vale a mim ir pegar num livro só porque é um clássico ou porque é um livro que alguém recomendou ou porque quero fazer boa figura a dizer que “já li”? Não, não e não!
Leitura é um hobby que nos traz muito conhecimento, que nos leva a compreender melhor o mundo e as pessoas e que tem que nos dar prazer! Se não der prazer não vale a pena!
Então, o meu conselho é Escolham Livros Que Vos Deem Prazer!!! Sejam eles um clássico da literatura, um policial repleto de sangue ou só um livro água com açúcar! O que importa é ler o que realmente gostamos e queremos, porque é isso que nos vai dar cada vez mais vontade de ler, que nos vai fazer ler em cada momento livre e porque nos vais fazer ler mais depressa e melhor! Afinal, vamos querer saber como acaba…
Outra dica dentro deste tópico é começar pelos livros mais fáceis. Assim o entusiasmo para as próximas leituras vai ser maior.
Escolhe bem as edições!
Tenho de admitir que só muito recentemente comecei a aperceber-me deste ponto. Livros têm erros. Livros podem ser mal traduzidos. Livros têm palavras complicadas.
Então, torna-se importante escolher bem as traduções dos livros que vamos ler. Um livro sem erros, com uma boa, BOA, tradução e com um português que faça sentido e seja descomplicado (ou seja, que não nos dê vontade de consultar o dicionário a cada 5 minutos) é muito melhor e mais fácil de ler do que um livro com uma tradução meio manhosa, cheio de erros e palavras estranhas, não é?
(Quando se trabalha durante algum tempo numa biblioteca ficamos a perceber melhor certas coisas. E uma coisa é verdade, Portugal têm GRANDES tradutores, que muitas vezes não têm o devido reconhecimento. Não deve ser uma trabalho fácil.)
O mesmo acontece com os livros de autores portugueses. Porque há autores que dão erros e usam português mais difícil e porque há também livros mais antigos, com um português mais antigo. Sabiam que nos grandes clássicos as edições mais recentes normalmente são mais fáceis de ler do que os livros “originais”? Ora experimentem lá!
E depois, claro, há a parte gráfica. Digam lá que não tem um sabor ligeiramente diferente ler um livro todo bonito?
Estabelece uma rotina de leitura
Sim, eu sei, isso não é fácil. Mas se guardares por exemplo uma hora por dia, todos os dias para a leitura e deixares que isso se torne um hábito, vais ver que não tarda nada vais estar a ler livro atrás de livro. Há quem acorde uma hora mais cedo todos os dias para isso, quem o faça à noite já na cama, antes de deitar, ou quem separe uma hora durante o dia. Eu, pessoalmente, gosto de ler à noite. O que importa é escolher uma hora do dia para a leitura e tornar isso uma rotina.
Se não gostas de “cronometrar” a leitura, por outro lado, podes em vez disso optar por “ler por objectivos”. 50 páginas por dia. 100 páginas por dia. Mas define objectivos realizáveis ou não tarda mais estar a desanimar por nunca os conseguires cumprir e aí é que não há mais leitura para ninguém…
Transporta os livros!
Eu sei que às vezes isto pode não ser a coisa mais fácil de fazer, mas resulta. Se tiveres sempre o livro que andas a ler contigo aquela viagem de transporte público que tens de fazer todos os dias vai tornar-se muito mais útil e interessante. Ou aquela ida a um serviço público com uma espera de 5 horas. Ou qualquer outra altura em que fiques sem nada que fazer. A dica é “aproveita o tempo”.
Tem sempre mais livros do que vais conseguir ler e…sê flexível!
Ter mais livros do que se consegue ler? Sim, isto pode soar meio contraditório mas faz sentido. Se fores à biblioteca e trouxeres um livro, leres 20 páginas e decidires que não gostas o que é que vai acontecer? Vais parar de ler até poderes ir à biblioteca e trazer outro! Se por outro lado levares 5, mesmo que não gostes de um vais passar para o seguinte e pronto. Sem afectar a rotina de leitura! O mesmo se aplica aos livros não lidos que temos em casa. Por vezes a culpa é pesada, sabemos que comprámos por impulso e não sabemos se algum dia vamos chegar a lê-los. Então, de repente, do nada, ficamos sem nada para ler e o que fazemos? Simplesmente vamos aos livros não lidos na nossa estante. Não é algo diário, mas acontece!
Além disso, saber que temos lidos não lidos ainda para ler pode funcionar como um impulsionador de leitura. “Tenho de acabar este livro para ler aquele que está ali parado”. Comigo resulta.
Depois, a flexibilidade. Ler mais do que um livro ao mesmo tempo por exemplo, pode funcionar para não prejudicar a rotina de leitura se um deles for muito pesado e precisarmos de descansar dele. Adequa a leitura ao nosso estado de espirito. Não ler por obrigação, não ter medo de desistir de livros, não ter medo de saltar algum paragrafo desinteressante também faz parte da flexibilidade. Embora saltar páginas para mim já seja demais. Se calhar, se um livro te dá vontade de saltar páginas inteiras ou capítulos inteiros é porque não é o livro certo para ti neste momento, não é?
Lê em sossego!
Para quem tem filhos isto pode ser difícil mas podem sempre tentar depois de eles irem para a cama. Ler em silêncio também é uma ajuda, sem ruído de fundo como música ou a tv, que servem de distracções. Outra coisa muito importante é deixar de lado o telemóvel, a internet e as redes sociais quando se vai ler. Tudo desligado e afastado, ou pelo menos sem som, para não haver aquela vontade de “ir ver” cada vez que se ouve o toque.
Participa!
Participa de grupos de leitura, clubes de leitura, clubes do livro…qualquer actividade dentro do género que te desperte a curiosidade vai ser com certeza interessante e uma boa forma de conhecer novos livros e autores que nunca pensaste que ias ler e gostar. Além de que também é uma forma de estabelecer objectivos de leitura. “Tenho de ler este livro para poder falar sobre ele no grupo” por exemplo.
E vocês, têm mais alguma dica? Deixem nos comentários, adoraria conhecê-la!