“Estão a despedaçar-nos, bocado a bocado, disse, com melancolia, para si mesmo. Quando isto acabar o solo russo estará fertilizado por pedaços de carne alemã desmembrada. Nós matamos milhões, eles mataram milhões. Todos nós, estrume para os campos lá fora.”
“Os dias aqui são os de homens em guerra”
Neste livro ficamos a conhecer a história de Martin Bora, um oficial alemão durante a II Guerra Mundial. De notar o facto de ser um personagem baseado numa pessoa real, o Coronel Claus Von Stauffenberg.
Este livro vai mais longe do que as histórias habituais sobre o Holocausto. Nós, leitores, estamos acostumados a ler histórias sobre as vitimas daquela época. Mas Bora não é uma vitima, pelo menos não no sentido tradicional da palavra. Bora é um oficial alemão, que trabalha para que o regime criminoso possa vencer a guerra.
Aqui conseguimos sentir o dia a dia deste oficial, um homem recto e determinado, no seu trabalho duro durante a guerra. E também uma pessoa muito inteligente. No entanto, este homem não é só o oficial que trabalha para os nazis. É um homem comum, como qualquer um de nós, que sofre de doenças físicas, com as suas próprias dúvidas e com saudade da esposa que o espera em casa.
Para mim, foi essa a parte mais interessante nesta história. A lembrança de que, independentemente do lado por que se lute, no fim somos todos iguais e acabamos todos por ir parar ao mesmo sitio. Que as dores, as saudades e as dúvidas que nos afectam, afectam toda a gente. E que todos temos medos e esperanças. Martin Bora é um homem feroz, mas ainda assim um homem.
E, depois, a história em si. A escrita da autora é envolvente, introduz-nos no enredo sem hesitações. O livro é repleto de suspense, mistério e personagens meio odiosas com quem ainda assim simpatizamos. Um livro que nos deixa “colados à cadeira” até ao fim.
Livro recomendado!