
o que me lembro
é entender que pode ser um erro gracioso
a conclusão mais lógica de um passo
e reparar que forma nenhuma
traria de volta o momento antes da manhã romper
quando o rosto encontra o seu duplo
na superfície vítrea de um lago
[FAIA, 2019, p. 21 e 22]

Tatiana Faia nasceu a 30 de junho de 1986. É uma escritora/poeta portuguesa que em 2019 recebeu o Prémio de Literatura PEN na categoria Poesia.
Quem me conhece sabe que eu adoro poesia. Sim, digo muito isto aqui pelo blog. Posto isto, cabe-me agora admitir a minha culpa: é extremamente raro eu ler poetas menos conhecidos, principalmente se a poesia não rima. Manias.
A poesia de Tatiana Faia neste livro não rima. E tem, digamos, uma métrica irregular. Mas eu li. E verdade seja dita, gostei.
É uma poesia complexa e inteligente, que é um desafio de leitura e de interpretação. Não é um livro que eu levasse para o meu grupo de leitura, recomendando-o a pessoas que não são leitoras de poesia. Mas para quem já tem alguma relação com este género, é uma poesia bonita e bastante interessante, que merece ser lida. Tatiana fala das pequenas e das grandes coisas da vida, misturando-as com mestria e deixa-nos a digerir as suas palavras.
Livro recomendado. 4*