Cleópatra e Frankenstein
Coco Mellors

Nova Iorque está a escapar por entre os dedos de Cleo, que fugiu de Inglaterra em busca do seu lugar na cidade que nunca dorme. Apesar de andar de festa em festa todas as noites, quase não conhece ninguém. O seu visto de estudante está a terminar quando conhece Frank, vinte anos mais velho, com uma vida cheia de sucesso e todos os excessos que faltam a Cleo. Ele oferece-lhe a oportunidade de ser feliz, a liberdade para pintar e a possibilidade de se candidatar a um visto de residente. Ela oferece-lhe uma vida imbuída de beleza, arte e, talvez, uma razão para reduzir o seu consumo de álcool. Ele é tudo o que ela precisa neste momento. Cleo e Frank casam impulsivamente sem prever que isso irá mudar irreversivelmente tanto as suas vidas, como as de todos em seu redor, seja a do melhor amigo de Cleo a tentar compreender a sua identidade de género, seja a da irmã financeiramente dependente de Frank que começa a sair com homens mais velhos quando fica sem dinheiro, ou mesmo as de Cleo e Frank, que estão a descobrir as provações do casamento e da doença mental. Cleopatra e Frankenstein é um romance de estreia surpreendente e dolorosamente tocante sobre as decisões espontâneas que moldam a nossa vida e as relações imperfeitas que nascem em noites inesperadamente perfeitas.
A última coisa que ele me disse
Laura Dave

«Protege-a» é a única palavra que Owen Michaels escreve no bilhete que deixa à mulher antes de desaparecer. Apesar de confusa e assustada, Hannah sabe bem que o homem que ama e com quem se casou um ano antes está a referir-se a Bailey. Com dezasseis anos, a filha de Owen já perdeu a mãe, de quem nem sequer se lembra, e tem agora uma madrasta que preferia não ter. À medida que todas as suas desesperadas tentativas de contacto ficam sem resposta e que o cerco das autoridades aperta, Hannah começa a aperceber-se de que o marido não é quem ela pensa. E de que Bailey pode ser a chave para descobrir a verdadeira identidade do pai, assim como o que realmente o levou a desaparecer. Juntas, Hannah e Bailey procuram descobrir a verdade. Porém, quando começam a juntar as peças do passado de Owen, depressa compreendem que também estão a construir um novo futuro. Um futuro que nenhuma das duas poderia ter antecipado.
Três
Valérie Perrin

O regresso da autora de um dos romances mais lidos em Portugal. Uma história em que a adolescência, a passagem para a vida adulta e as dores de crescimento nos mostram de que matéria é feito um dos mais profundos sentimentos da vida: a amizade. Adrien, Étienne e Nina têm dez anos quando se conhecem na escola, em 1986. Rapidamente, tornam-se muito próximos, criam um laço fortíssimo e fazem um pacto: vão partir, juntos, para Paris e jamais se separarão. Muitos anos mais tarde, em 2017, é encontrado um carro no fundo de um lago, no lugar onde os três amigos cresceram. Virginie, uma jornalista com um passado nebuloso, faz a cobertura do caso. Pouco a pouco, ela vai descobrindo o que aproximou aqueles três amigos. Que pessoas são, hoje, Adrien, Étienne e Nina? Qual é a relação entre este estranho acontecimento e a história de amizade que une os três? Valérie Perrin regressa com um romance tocante em que, uma vez mais, consegue não só imprimir beleza às pequenas coisas da vida, mas revelá-la perante os nossos olhos. É um mergulho nas águas tumultuosas – e tantas vezes turvas – da adolescência e, sobretudo, no tempo que passa e nos separa das pessoas que fomos então.
O Olhar Mais Azul
Toni Morrison

O romance de estreia de Toni Morrison, agora publicado pela primeira vez em Portugal, leva-nos até ao Ohio da década de 1940, mas é, ampla e surpreendentemente, mais atual do que nunca. Pequena, pobre, desprezada e negra – aliás, a que tem a pele mais escura de toda a escola -, assim é Pecola. Todas as noites, Pecola reza para ter apenas uma coisa: olhos azuis, como as raparigas brancas privilegiadas, como as bonecas de brincar, como as atrizes dos filmes. O sonho de Pecola, que cresce no Ohio dos anos 1940, não encontra espaço para se realizar, e o olhar que o mundo tem sobre ela e que Pecola tem sobre o mundo está longe de poder mudar. Porém, o desejo da primeira protagonista de Toni Morrison é o corolário de algo mais fundo, visceral, maior. No seu livro de estreia, a vencedora do Prémio Nobel da Literatura parte da história de Pecola para explorar temas como o conceito de beleza imposto, a voz truncada das mulheres, a ascensão social viciada ou a infância demasiado cedo perdida. com a elegância e a subtileza a que nos habituou, Toni Morrison assina um romance em que a voz de uma criança negra ecoa, poderosa e inalterada, no século XXI.
Está Tudo Bem Não Estar Tudo Bem
Como enfrentar o luto e a perda numa cultura que evita o sofrimento
Megan Devine

«A dor não é um problema a ser resolvido, mas um mistério a ser honrado. Está Tudo Bem Não Estar Tudo Bem é o livro de que eu tenho estado à espera há mais de 30 anos – aquele que eu posso recomendar a qualquer pai, mãe, viúva, viúvo, a qualquer pessoa que se encontre de luto pela morte de alguém.» Donna Schuurman
Quando uma perda dolorosa ou um evento grave abala a nossa vida, a primeira coisa que temos de saber é que não há nada de errado nisso: «A dor é pura e simplesmente o amor na sua forma mais selvagem e dura, uma resposta natural e sã à perda.» Então, porque é que a nossa cultura procura ignorar a dor e trata o luto como uma doença que tem de ser curada, de preferência o mais rapidamente possível? Tendo experimentado o luto de ambos os lados – como terapeuta e como mulher que testemunhou o afogamento acidental do seu amado companheiro – Megan Devine escreveu um livro com profundo conhecimento sobre as verdades não ditas da perda, do amor e da cura. Existem coisas que não podem ser corrigidas. Apenas podem ser levadas. Está Tudo Bem Não Estar Tudo Bem encoraja-nos a vermos o nosso luto como uma resposta natural à morte e à perda, em vez de uma condição anómala que necessita de correção. Mudando o foco do luto como um problema a ser resolvido para uma experiência que temos de viver, oferece-nos a possibilidade de compreensão, compaixão, legitimidade e, sobretudo, um caminho através da dor. Todos vamos experimentar durante a vida um profundo pesar pela perda de alguém. A perda é uma experiência universal. Este livro dá-lhe permissão para sentir o que sente, fazer o que faz e dizer o que diz. Quando a sua vida está num lugar de profunda perda e o mundo parece o inferno, dá-lhe meios para percorrer o caminho de volta a si mesmo. Megan Devine aborda a dor que as pessoas enlutadas carregam (adicionada à dor da perda), de serem julgadas, despedidas ou mal-entendidas e contesta a ideia estabelecida de que deve regressar o mais rapidamente possível a uma vida «normal» e «feliz», substituindo-a por um caminho intermédio, muito mais saudável, que nos convida a caminhar lado a lado com a dor, em vez de procurar ultrapassá-la.
Presa em Casa
Charlie Gallagher

O tempo de Grace está a esgotar-se. Estendida no chão da casa de banho, luta por recuperar o fôlego depois de ser pontapeada pelo companheiro. Encolhe-se, com dores nas costas e no tronco, nas zonas onde ele lhe atirou com a porta. Não pode ignorar mais os sinais: se não conseguir escapar dali vai acabar por morrer. Entretanto, Maddie Ives, detetive numa equipa especializada em proteger mulheres vítimas de maus-tratos, visita Grace depois de uma denúncia anónima. Quando a conhece, recomenda-lhe que mantenha um diário e detalhe tudo o que possa servir como prova em caso de agressão. Grace procura dizer-lhe o que está a acontecer para que Maddie a ajude. No entanto, não consegue ser totalmente honesta. O companheiro vigia-a constantemente e obriga-a a fingir estar bem quando alguém os visita. Por isso, ninguém entende realmente o seu drama, o terror da situação. Enquanto mantém as aparências, a sua vida está em contagem decrescente. Ao mesmo tempo, Maddie Ives tem outros assuntos urgentes para resolver: um rapaz morto numa casa de banho, um bombista dentro de um carro à procura de justiça e até o regresso de um antigo colega com cicatrizes profundas do passado. Será ela capaz de lidar com tudo e ainda ajudar Grace a salvar-se?
Amor & C.ª
Julian Barnes

Oliver, Stuart e Gillian. Oliver é o melhor amigo de Stuart e Stuart é o melhor amigo de Oliver. Gillian é namorada de Stuart, com quem virá a casar. Oliver e Stuart não podiam ser mais diferentes: o primeiro, extravagante, está convencido de que é uma luminária; o segundo é sóbrio, tímido e ligado ao «lado prático da vida». Gillian é bonita, inteligente, e ama Stuart; defende que falar de alguém ou de um assunto de forma exaustiva (como propõe o título original em inglês, Talking It Over) só é bom quando não somos o objeto em análise. Depois do casamento, uma explosão: Oliver descobre que está apaixonado por Gillian. Para contar esta história atribulada, cómica e errática, os três revezam-se na narração – com os seus pontos de vista, tiques e tópicos preferidos. Porém, o que começa como uma comédia de equívocos depressa desliza para uma exploração sombria e profunda dos pântanos da alma. Uma história interminável.
Dor Fantasma
Rafael Gallo

Rômulo Castelo, um pianista virtuoso, dedica-se inteiramente a buscar a perfeição na sua arte e, todas as manhãs, ao acordar, fecha-se na sua sala de estudos e ensaia aquela que é considerada a peça intocável de Liszt, o Rondeau Fantastique. Em breve, Rômulo irá oferecê-la ao mundo, numa tournée pela Europa que o sagrará como o maior intérprete daquele compositor. A vida, porém, tem outros planos e, de um dia para o outro, Rómulo vê fugir-lhe aquele que julgava ser o seu lugar por direito no pódio do mundo.
O Segredo da Medusa
Hannah Lynn

A história de medusa vê finalmente a luz do dia sob uma perspetiva totalmente diferente: a feminina. Porque até os mitos podem ter uma história bem diferente para contar. Extraordinária, inocente e pura: assim é Medusa, aquela a quem a beleza cedeu os seus melhores préstimos, acima das bênçãos dadas a qualquer mortal. Por isso, quando Poseidon lança sobre ela o seu olhar mais lascivo, Medusa procura refúgio no templo de Atena. Porém, ninguém pode escapar a um deus, e Atena não está disposta a ter debaixo do seu teto alguém que profanou a sua casa. E não, não importa que Medusa, violada em corpo e espírito, suplique por perdão – Atena não cederá. Agora, Medusa vê-se obrigada a mergulhar na escuridão, fazendo do mal que os outros lhe infligiram a sua armadura, transformando-se no monstro que os outros dizem que ela é. Mas será? Enquanto isso, há um certo jovem Perseus que tem uma e uma só missão: matar Medusa. Quando os deuses caminhavam entre os mortais, a infâmia e a glória também caminhavam lado a lado, separadas por uma linha muito ténue. A história do monstro Medusa e do herói Perseus já foi contada um milhão de vezes. E todos os mitos precisam de heróis e vilões. Mas esta é outra história. Esta é a verdadeira Medusa. Chegou a hora da revelação do segredo milenar.
Mar Alto
Caleb Azumah Nelson

Dois jovens conhecem-se num bar, em Londres. Ambos são afrodescendentes britânicos, ambos receberam bolsas de estudo para escolas particulares às quais tentam pertencer. E ambos são agora artistas — ele, fotógrafo; ela, dançarina. Querem deixar as suas marcas num mundo que, à vez, tanto parece celebrá-los como rejeitá-los. Apaixonam-se, de forma terna e cautelosa, contudo cedo começam a sentir que, mesmo parecendo destinados a ficar juntos, podem ser separados pelo medo e pela violência, perturbados por forças muito para lá daquelas que podem controlar. Mar Alto é uma dolorosamente bela história de amor, uma visão poderosa sobre conceitos de raça e género. Com uma deslumbrante intensidade e tremenda inteligência emocional, Caleb Azumah Nelson oferece um relato profundamente sensível do amor e de tudo o que o alimenta.
Uma Luz no Escuro
Stacy Willingham

Os monstros não se escondem no bosque. Não são sombras nas árvores ou coisas invisíveis à espreita em recantos escuros. Não, os monstros verdadeiros estão escondidos à vista de todos. Chloe Davis tinha apenas doze anos quando seis raparigas desapareceram em Breaux Bridge, a sua pequena cidade no Louisiana. No fim desse verão, aquele que confessou ser o autor das mortes é preso e condenado a prisão perpétua, enquanto os restantes membros da sua família têm de enfrentar a verdade daqueles crimes e lidar com consequências que os vão consumindo lentamente. O assassino não é outro senão o próprio pai de Chloe, e foi ela quem descobriu as provas que o incriminaram. Vinte anos mais tarde, Chloe é uma psicóloga bem-sucedida em Baton Rouge e planeia casar. Como se fosse uma outra vida, começa, por fim, a desfrutar da felicidade que tanto lhe custou alcançar, mesmo que por vezes se sinta tão sem controlo como alguns dos adolescentes seus pacientes. E quando uma rapariga de quinze anos desaparece em circunstâncias semelhantes, e depois outra, a memória daquele verão regressa mais ameaçadora do que nunca. Será que Chloe vê semelhanças onde elas não existem? Ou será que, pela segunda vez na sua vida, Chloe irá desmascarar um assassino? Magistralmente escrito e com uma sensibilidade fora do vulgar neste género literário, Uma Luz no Escuro faz de Stacy Willingham a grande revelação do thriller psicológico dos Estados Unidos, um primeiro romance que prenuncia uma carreira de grande fulgor, estando já a ser adaptado para série televisiva.
As Identidades Assassinas
A violência e a necessidade de pertença
Amin Maalouf

Denúncia apaixonada da loucura que incita os homens a matarem-se uns aos outros em nome de uma etnia, língua ou religião, As Identidades Assassinas é uma tentativa de perceber porque é que, na história da humanidade, a afirmação de um sempre significou a negação do outro. Na sua condição de homem situado entre o Oriente e o Ocidente, que gravita sobre toda a sua obra, seja ela literária – como em A Odisseia de Baldassare ou Escalas do Levante – ou histórica – como em As Cruzadas Vistas pelos Árabes -, quando se pergunta a Amin Maalouf se se sente mais libanês ou mais francês, ele responde: «O que me torna eu mesmo e não outra pessoa é que estou na estrema de dois países, duas ou três línguas, várias tradições culturais. É precisamente isso que define a minha identidade. Seria eu mais autêntico se amputasse uma parte de mim mesmo?»
O meu outro marido
Dorothy Koomson

Uma série de terríveis homicídios. Uma complexa rede de mentiras. E uma mulher impedida de limpar o seu nome. Cleo Forsum é uma romancista bestseller e argumentista de uma série televisiva de enorme sucesso. Mas agora decidiu afastar-se de tudo – incluindo do seu marido, Wallace –, num esforço para escapar ao passado que a persegue. À medida que Cleo redige os últimos episódios da série, as pessoas à sua volta começam a ser vítimas de homicídio e torna-se evidente que alguém está a tentar acusá-la desses crimes. Cleo julga saber a razão, mas não pode partilhá-la com a polícia, nem provar a sua inocência. Para isso teria de revelar a verdade sobre o seu outro marido…
O Poder das Mulheres
Um desafio para a democracia
Giulia Sissa

Os gregos antigos inventaram a democracia, mas às mulheres desse tempo não foi permitido deliberar, dirigir ou defender o Estado. Ficaram sem representação. Ao homem foi reconhecido o estatuto de animal político, enquanto a mulher era um animal doméstico. O cristianismo e os pensadores medievais, como Tomás de Aquino, viam a mulher como incoerente, incapaz de refletir, e no iluminismo, sobretudo com Jean-Jacques Rousseau, à mulher ficavam reservadas as frivolidades. Somente com filósofos como Condorcet, que substituiu as leis da natureza pelos direitos humanos, houve lugar à igualdade e à emancipação da mulher. Nestas condições as mulheres foram levadas a duvidar da sua legitimidade. Uma suspeição fundamental paira nas próprias democracias: não serão as mulheres, sem dúvida, incompetentes? Não serão elas, talvez, menos capazes?
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