Sabemos que as férias são uma das melhoras alturas do ano para pôr as leituras em dia, mas nem sempre é fácil conseguir meter um livro na mala e transportá-lo de um lado para o outro. Por isso hoje trazemos uma lista com alguns bons e pequenos livros com que pode não só levar a passear mas também ler… num instantinho!
Contos Completos – Florbela Espanca
A par da obra poética, Florbela Espanca aventurou-se também por diversas vezes na narrativa em diferentes fases da sua curta vida. O primeiro livro de contos, intitulado As Máscaras do Destino, foi editado em 1931, pouco depois da sua morte. O segundo livro, O Dominó Preto, que Florbela começara a preparar em 1927, só viria a ser publicado em 1982. A presente edição inclui estes dois livros, bem como alguns outros pequenos contos soltos, como A Oferta do Destino e Alma de Mulher.
Cão como nós – Manuel Alegre
É um épagneul-breton a personagem principal do novo livro de Manuel Alegre. Com “manchas castanhas e uma espécie de estrela branca no meio da cabeça”. Cão… como nós. Como nós, porque sabe da amizade (o cão é o melhor amigo do homem), da solidariedade, protege a criança, consola o dono, pressente a desgraça, ‘chora’ a morte. Mas também é altivo e irrequieto. Às vezes desobediente e exibicionista. Chama-se Kurika, e acompanhou o escritor e a sua família ao longo de anos. Aliás, ele ‘é’ parte da família, diz Manuel Alegre. Um livro alegre e comovente.
A Montanha da Água Lilás
Pepetela
Numa montanha de África, habitam os lupis, uns estranhos seres cor de laranja que pensam, falam e trabalham, mas não são homens. Um dia, sem que nada o fizesse prever, o lupi-poeta descobre uma fonte de onde brota um líquido de cor lilás com um aroma muito doce, que se revela ter propriedades quase mágicas. Esta água perfumada cura diversas maleitas e influencia até o humor de quem entra em contacto com ela, e todos a querem. Começam então as disputas, desenvolve-se uma economia de mercado e, com ela, uma estratificação social e uma desigual distribuição da riqueza. Mas, a exploração da água lilás não vai apenas transformar a vida de todos os habitantes da montanha, vai também degradar o seu meio ambiente. A Montanha da Água Lilás é uma deliciosa alegoria política e social, uma crítica mordaz ao consumismo e à exploração não sustentável dos recursos naturais. Uma fábula para todas as idades que retrata como o que é, inicialmente, benéfico se pode tornar nocivo quando não se tem em vista o bem comum.
As Velas Ardem Até ao Fim
Sandor Marái
Um pequeno castelo de caça na Hungria, onde outrora se celebravam elegantes saraus e cujos salões decorados ao estilo francês se enchiam da música de Chopin, mudou radicalmente de aspecto. O esplendor de então já não existe, tudo anuncia o final de uma época. Dois homens, amigos inseparáveis na juventude, sentam-se a jantar depois de quarenta anos sem se verem. Um, passou muito tempo no Extremo Oriente, o outro, ao contrário, permaneceu na sua propriedade. Mas ambos viveram à espera deste momento, pois entre eles interpõe-se um segredo de uma força singular…
O Velho que lia Romances de Amor
Luis Sepúlveda
Antonio José Bolívar Proaño vive em El Idilio, um lugar remoto na região amazónica dos índios shuar, com quem aprendeu a conhecer a selva e as suas leis, a respeitar os animais que a povoam, mas também a caçar e descobrir os trilhos mais indecifráveis. Um certo dia resolve começar a ler, com paixão, os romances de amor que, duas vezes por ano, lhe leva o dentista Rubicundo Loachamín, para ocupar as solitárias noites equatoriais da sua velhice anunciada. Com eles, procura alhear-se da fanfarronice estúpida desses “gringos” e garimpeiros que julgam dominar a selva porque chegam armados até aos dentes, mas que não sabem enfrentar uma fera a quem mataram as crias. Descrito numa linguagem cristalina e enxuta, as aventuras e emoções do velho Bolívar Proaño há muito conquistaram o coração de milhões de leitores em todo o mundo, transformando o romance de Luis Sepúlveda num “clássico” da literatura latino-americana.
Memória das Minhas Putas Tristes
Gabriel García Márquez
Um jornalista decide celebrar o seu nonagésimo aniversário oferecendo a si mesmo um presente que o faça sentir que ainda está vivo: uma adolescente virgem. Num bordel vê uma jovem de costas, completamente nua, e a sua vida muda radicalmente. E agora que a encontrou, está prestes a morrer, não de velhice, mas sim de amor. Memória das Minhas Putas Tristes é a história deste excêntrico e solitário ancião. O leitor irá acompanhar as suas aventuras sexuais à medida que o próprio desfia as suas memórias. Após noventa anos de uma vida árida – passada a escrever crónicas e resenhas maçadoras para um jornal provinciano, a dar aulas de castelhano e latim a alunos tão sem perspectivas de futuro quanto ele, e, acima de tudo, a deambular de bordel em bordel, só tendo tido relações com mulheres a quem pagou -, inesperadamente, e pela primeira vez, encontra o verdadeiro amor. Escrito no estilo incomparável de Gabriel García Márquez, este curto romance é uma comovente reflexão sobre os infortúnios da velhice e, ao mesmo tempo, um hino às alegrias da paixão.
O Leitor
Bernhard Schlink
Em 1960, Michael Berg é iniciado no amor por Hanna Schmitz. Ele tem 15 anos, ela 36. Ele é apenas um adolescente. Ela é uma mulher madura, bela, sensual e autoritária. Mas este período de felicidade incerta tem um fim abrupto quando Hanna desaparece subitamente. Só voltarão a encontrar-se anos mais tarde. Michael é estudante de Direito e Hanna está em tribunal, acusada de um crime hediondo. Enquanto a observa, o jovem percebe que, ao recusar defender-se, Hanna pode estar a guardar um segredo que ela considera mais vergonhoso do que o assassínio. Inicia-se então uma reflexão metódica e dolorosa sobre a legitimidade de uma geração, a braços com a vergonha, julgar a geração anterior, responsável por crimes de guerra. Aclamado pelo seu erotismo latente e pelos desafios morais que coloca ao leitor, este prodigioso e perturbante romance sobre os destinos da Alemanha está traduzido em 39 línguas e foi galardoado em 1997 com os prémios Grinzane Cavour, Hans Fallada e Laure Bataillon. Em 1999 venceu o Prémio de Literatura do Die Welt. Foi adaptado ao cinema em 2008 e vencedor do Óscar para melhor atriz, atribuído a Kate Winslet.
O Velho e o Mar
Ernest Hemingway
Livro Físico
Santiago, um velho pescador cubano, está há quase três meses sem conseguir pescar um único peixe, quando o seu isco é finalmente mordido por um enorme espadarte. O peixe imponente resiste, arrasta a sua canoa cada vez mais para o alto mar, na corrente do Golfo, e obriga a uma luta agonizante de três dias que o velho Santiago acabará por vencer, para logo se ver derrotado. Com uma linguagem de grande simplicidade e força, Hemingway retrata nesta aventura poética a coragem humana perante as dificuldades e o triunfo alcançado apesar da perda. Comovente romance, obra-prima de maturidade de Hemingway, O Velho e o Mar recebeu o Prémio Pulitzer em 1953 e desempenhou um papel essencial na obtenção pelo seu autor, um ano mais tarde, do Prémio Nobel da Literatura.
Se Isto é um Homem
Primo Levi
Na noite de 13 de Dezembro de 1943, Primo Levi, um jovem químico membro da resistência, é detido pelas forças alemãs. Tendo confessado a sua ascendência judaica, é deportado para Auschwitz em Fevereiro do ano seguinte; aí permanecerá até finais de Janeiro de 1945, quando o campo é finalmente libertado. Da experiência no campo nasce o escritor que neste livro relata, sem nunca ceder à tentação do melodrama e mantendo-se sempre dentro dos limites da mais rigorosa objectividade, a vida no Lager e a luta pela sobrevivência num meio em que o homem já nada conta. Se Isto é um Homem tornou-se rapidamente um clássico da literatura italiana e é, sem qualquer dúvida, um dos livros mais importantes da vastíssima produção literária sobre as perseguições nazis aos judeus.
Patagónia Express
Luis Sepúlveda
Homenagem a um comboio que já não existe, mas que continua a viajar na memória dos homens e mulheres da Patagónia, estes «apontamentos de viagem» – como lhes chamou Luis Sepúlveda – tornaram-se um dos livros de referência do grande autor chileno. Desde os seus primeiros passos na militância política, que o levaram à prisão e depois ao exílio em diferentes países da América do Sul, até ao reencontro feliz, anos depois, com a Patagónia e a Terra do Fogo, é uma longa viagem (e uma longa memória) aquela que Luis Sepúlveda nos propõe neste seu livro. Ao longo dele, confrontamo-nos com uma extensa galeria de personagens inesquecíveis e com um conjunto de histórias magníficas, daquelas que só um grande escritor é capaz de arrancar aos labirintos da vida.
Siddhartha
Hermann Hesse
Siddhartha, filho de um brâmane, nasceu na Índia no século VI a.C. Passa a infância e a juventude isolado das misérias do mundo, gozando uma existência calma e contemplativa. A certa altura, porém, abdica da vida luxuosa, protegida, e parte em peregrinação pelo país, onde a pobreza e o sofrimento eram regra. Na sua longa viagem existencial, Siddhartha experimenta de tudo, usufruindo tanto as maravilhas do sexo, quanto o jejum absoluto. Entre os intensos prazeres e as privações extremas, termina por descobrir «o caminho do meio», libertando-se dos apelos dos sentidos e encontrando a paz interior. Em páginas de rara beleza, Siddhartha descreve sensações e impressões como raramente se consegue. Lê-lo é deixar-se fluir como o rio onde Siddhartha aprende que o importante é saber escutar com perfeição.
A Paixão do Jovem Werther
Johann Wolfgang Goethe
Romance epistolar com raízes autobiográficas, A Paixão do Jovem Werther foi publicado pela primeira vez em 1774. Nas cartas dirigidas ao seu amigo Wilhelm, Werther, um jovem artista extremamente sensível e delicado, descreve a sua vida em Wahlheim, uma pequena aldeia para onde se mudou. Ali Werther conhece Charlotte, uma jovem de incrível beleza que, para grande infortúnio do rapaz, está noiva de Albert, um homem onze anos mais velho. Porém o jovem artista vê-se incapaz de controlar as suas emoções e apaixona-se loucamente por Lotte, dando azo a um dos mais famosos triângulos amorosos da história da literatura ocidental. Quando a impossibilidade de ter para si a sua amada se torna dolorosamente insuportável, Werther percebe que existe apenas uma solução, uma solução que fará cair o manto negro da tragédia sobre a pequena aldeia de Wahlheim.
O Estrangeiro
Albert Camus
Meursault recebe um telegrama: a mãe morreu. De regresso a casa após o funeral, enceta amizade com um vizinho de práticas duvidosas, reencontra uma antiga colega de trabalho com quem se envolve, vai à praia – até que ocorre um homicídio. Romance estranho, desconcertante sob uma aparente singeleza estilística, em O Estrangeiro joga-se o destino de um homem perante o absurdo e questiona-se o sentido da existência. Publicado originalmente em 1942, este primeiro romance de Albert Camus foi traduzido em mais de quarenta línguas e adaptado para o cinema por Luchino Visconti em 1967, sendo indubitavelmente uma das obras-primas da literatura francesa do século XX. Esta edição foi revista de acordo com o texto fixado pelo autor.
A Metamorfose
Franz Kafka
«Certa manhã, ao acordar após sonhos agitados, Gregor Samsa viu-se na sua cama, metamorfoseado num monstruoso insecto.» É assim que começa A Metamorfose, uma das mais emblemáticas obras de Franz Kafka. Nesta narrativa, o autor recorre à terrível metamorfose física e ao desespero da personagem para abordar os temas transversais a toda a sua obra: o comportamento humano, a impotência perante o absurdo e a frustração provocada por uma sociedade opressora e burocrática.
A Arte da Guerra
Sun Tzu
«Existem cinco factores que permitem que se preveja qual dos oponentes sairá vencedor: Aquele que sabe quando deve ou não lutar; Aquele que sabe como adoptar a arte militar apropriada de acordo com a superioridade ou inferioridade de suas forças frente ao inimigo; Aquele que sabe como manter seus superiores e subordinados unidos de acordo com suas propostas; Aquele que está bem preparado e enfrenta um inimigo desprevenido; Aquele que é um general sábio e capaz, em cujas decisões o soberano não interfere.»
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