“Não sou assim tão inocente. Sei o que é a malevolência e era por isso que achava que tinha sido capaz de perceber que Frank era um homem perigoso. A malevolência nasce de sentimentos negativos como a solidão, a tristeza e a raiva. Vem de um vazio dentro de nós, que parece ter sido esculpida com uma faca, um vazio com que ficamos quando uma coisa muito importante nos é tirada. Não posso dizer que me apercebi de uma tendência particularmente cruel ou sádica no Frank, nem mesmo que ele correspondia à minha imagem de um assassino. Mas o que senti mesmo foi um vazio, que era como um buraco negro, dentro dele, e era impossível prever o que poderia emergir de um lugar como esse.”
Ryu Murakami nasceu a 19 de Fevereiro de 1952 em Sasebo, Nagasaki, no Japão. É escritor e director de filmes.
Em Na Sopa de Miso Kenji é um jovem japonês, que adoptou como profissão ser um guia para os turistas na cidade de Tóquio. Mas Kenji não é um guia comum, nem guia qualquer tipo de cliente. Ele guia os estrangeiros que querem conhecer Tóquio de noite, ver os seus bares, beber e… fazer sexo. E tudo corre bem até que um dia Kenji é contactado por Frank, um americano que o contrata para três noites. De início Frank até pode parecer um cliente normal, mas Kenji rapidamente se apercebe que há algo de muito, muito estranho nele. E começa a ficar com medo…
Quem entrar neste livros desavisado, como eu que tenho a mania de não ler as sinopses, é bem capaz de como eu também começar logo a duvidar de Kenji. Afinal, ele começa a desconfiar de Frank sem ter lá grandes motivos para isso. Admito que por causa dessas minhas dúvidas, quando percebi realmente o que estava a acontecer, fiquei um tanto ou quanto em choque. Até porque quando começa a cena chave deste livro, ela é bem chocante! Aos mais impressionáveis, cuidado que é muito sangue!
Este livro é um bom livro. A leitura é fácil e agarra o suficiente o leitor para que não exista vontade de parar a leitura. Apresenta-nos, primeiro, um pouco da vida nocturna de Tóquio, o que o torna interessante logo de início. Ao longo da história mostra-nos alguns pensamentos que os japoneses têm sobre os ocidentais e o ocidente, principalmente os americanos, o que também é muito interessante. E depois, há toda a tensão subjacente, que se mantém do início ao fim da história e que nos deixa a roer as unhas até ao último momento.
Frank é uma personagem muito bem construída, e a maneira como o autor criou a sua mente e imaginou a sua história faz-nos sentir que realmente estamos a entrar na mente de um psicopata, embora às vezes duvidemos se coisas assim acontecem mesmo na vida real. Mas a verdade é que acontecem, sim.
Livro recomendado!