Hoje trazemos uma lista com cinco perguntas que os entrevistadores fazem frequentemente nas entrevistas de emprego (uma das quais dirigida especificamente às mulheres) e aconselhamos algumas hipóteses de resposta. Esperamos que possa ser útil.
1.
Fale sobre si
Não é exactamente uma pergunta, mas pode fazê-lo derrapar seriamente. Afinal, de que falar quando lhe pedem para falar de si?
Primeiro, não conte a sua vida toda. O entrevistador não está interessado em ouvir um relato minucioso da sua infância, nem em conhecer a novela da sua vida amorosa e muito menos em saber quantas vezes o ofenderam no seu antigo trabalho. Foque-se no essencial e antes de optar por dizer alguma coisa pense: “isto vai contribuir para que me vejam com bons olhos?”. Se a resposta for não, não diga.
Fale brevemente da sua carreira, mencione as coisas mais importante que lhe aconteceram profissionalmente e diga em que isso contribuiu para o seu desenvolvimento pessoal. Mas seja sucinto!
2.
Quais são as suas maiores qualidades?
“Sou uma pessoa muito trabalhadora e dedicada”. Ok, até pode ser verdade, mas é uma resposta um pouco cliché, certo? “Sou muito honesto” vai pelo mesmo caminho. Não é que isso seja uma péssima resposta, mas pense, se o entrevistador entrevistar 100 pessoas para aquele cargo e 95 responderem isso, de que respostas é que ele se vai lembrar? Das 5 que foram diferentes, claro.
Algo que podem fazer é tentar relacionar a qualidade escolhida com as características pedidas para aquele cargo. Por exemplo, a vaga é na área da gestão e da contabilidade? Pode mencionar que é uma pessoa organizada. A vaga é na área de vendas e você é uma pessoa extremamente comunicativa? Diga-o. Mas mencione sempre qualidades reais, não invente.
3.
Quais são os seus maiores defeitos?
“Sou muito perfeccionista” ou “demasiado exigente” são respostas bastante comuns e muito más. Perfeccionista ou exigente não são defeitos e usá-los para responder a esta questão revela imaturidade e falta de autoconhecimento. Nesta questão deve referir defeitos reais como “sou muito ansioso” mas deve também desenvolver (“ansioso porque quero fazer o trabalho rápido” por exemplo) e mostrar que está a tentar corrigir os seus defeitos. Precisa mostrar que tem consciência dos seus defeitos e que está a trabalhar por melhorá-los. Revela maturidade, autoconhecimento e vontade de evoluir. Se precisar, pode exemplificar com casos práticos que lhe tenham acontecido, mas não se estenda muito.
4.
Porque quer trabalhar na nossa empresa?
O que o levou a sair do seu antigo emprego?
Agora trazemos duas em uma, mas não faz mal.
Aqui não diga que quer trabalhar na empresa do entrevistador apenas porque sim, porque o salário deles é melhor ou porque está desempregado e desesperado por um emprego. Isso até pode ser verdade, mas eles vão sempre preferir contratar alguém que se identifique com a empresa. E eu acrescento: será que você quer mesmo trabalhar num lugar com a qual não se identifique? Pode parecer bom quando se está desempregado mas com o tempo vai começar a fazê-lo por obrigação e vai começar a odiar o seu trabalho. Por isso a minha recomendação é: só se candidate a empresas com as quais realmente se identifica. Antes de ir à entrevista pesquise a organização, informe-se sobre os métodos de trabalho e a missão dela e esteja pronto para dizer ao entrevistador porque gostava de trabalhar lá. Identifica-se com a sua missão ou com o serviço prestado? Sentiu-se atraído pela vertente solidária daquele emprego? É apaixonado pela área em questão?
A segunda variação desta pergunta, o “porque saiu do seu antigo emprego” é ainda mais arriscada, principalmente se a sua experiência no seu anterior emprego tiver sido má. Aqui, a principal coisa de que se deve lembrar é de não falar mal do seu antigo emprego, do seu antigo chefe ou dos seus antigos colegas, mesmo se seja uma empresa concorrente. Você até pode ter imensas razões de queixa, mas começar a contá-las ao entrevistador só vai passar uma má imagem de si. E o que garante ao entrevistador que não vai também falar mal dele ou da empresa que ele representa depois? Não crie confusões. Se lhe perguntaram isso e a sua experiência anterior foi má, diga apenas que os seus objectivos futuros já não se enquadravam com os da empresa, que sentiu que já tinha aprendido e evoluído tudo o que podia ali ou que queria ter novas experiências para crescer num sentido diferente. Mas não critique o lugar de onde veio!
5.
Tem filhos? Planeia ter filhos?
E finalmente a pergunta cabeluda com que quase todas as mulheres no mercado de trabalho já se depararam. Sim, é ilegal fazer esta pergunta mas vamos ser sinceras: se lembrarmos o entrevistador disso, ficamos quase automaticamente excluídas do processo selectivo e se tentarmos fazer queixa quase nunca dá em nada porque não temos como provar. É a nossa palavra contra a do entrevistador. E nem pensem em gravar, isso é totalmente ilegal!
Então, a melhor opção é responder. Pode sempre optar por dizer que não faz parte dos seus planos, sendo isso verdade ou não. Muitos entrevistadores não vão acreditar se o disser, mas vão seguir em frente com a entrevista de qualquer forma. Pode sempre dizer que sim. Pessoalmente, gosto muito da resposta que uma colega minha deu em tempos, que era “os filhos não me vão impedir de trabalhar” e fincar bem este ponto independentemente da resposta que o entrevistador der. É uma opção pessoal de resposta, a uma pergunta que as mulheres não deviam ter de responder. mas é este o mundo que (ainda) temos.