“As consequências do dilema das transformações variam consoante a biologia e a história profunda do comportamento social humano. Como poderemos explicar plenamente o heroísmo de um soldado morto no campo de batalha, ou o voto vitalício de pobreza e abstinência de um monge? Como se explica a intensidade da abnegação do patriotismo e da fé religiosa?”
“Em termos mais coloquiais, como surgiu o altruísmo? A solução sugerida por Darwin é aquilo que atualmente aperfeicoámos na teoria da seleção de grupos. Alguns membros do grupo, segunda esta teoria, podem encurtar as suas vidas, ou reduzir a sua reprodução, ou ambas as coisas, se o seu sacrifício proporcionar ao grupo vantagem suficiente sobre outros grupos concorrentes. O gene do altruísmo espalha-se, então, por toda a população do grupo através de mutação e de seleção. É acelerado, mas não motivado, pelo parentesco próximo entre os membros do grupo.”
Edward O. Wilson nasceu a 10 de Junho de 1929 em Birmingham no Alabama. É entomologista e biólogo conhecido pelo seu trabalho com ecologia, evolução e sociobiologia. Venceu o prémio Crafoord em 1990, uma Medalha Nacional de Ciências dos Estados Unidos em 1976, e dois Prémio Pulitzer de Não Ficção. Em 1995, foi considerado pela revista Time como uma das 25 pessoas mais influentes da América.
Em Génesis, Wilson aborda as seis grandes fases da evolução que levaram à sociedade humana, argumentando que essas transições têm um factor importante em comum, nomeadamente que «Em cada grande transformação na evolução é necessário, num nível inferior de organização biológica, o altruísmo para alcançar o nível superior, da célula para o organismo e do organismo para a sociedade».
Quando comecei a ler o prólogo fiquei um de pé atrás, por ver que o autor tratava as religiões do mundo por “fantasias”. A sensação que me deu foi de que o livro seria uma espécie de contra teoria à religião e eu, que acho que religião e ciência não precisam necessariamente de se anular mutuamente, entrei na leitura de forma duvidosa.
Mas a verdade é que o livro não se prolonga nesse aspecto. Não volta a falar especificamente de religião, cingindo-se à ciência propriamente dita e acabou por me agarrar logo nas páginas seguintes.
É um livro curto, de uma leitura extremamente fácil para quem, como eu, não tem assim tantos conhecimentos na matéria. Edward O. Wilson foi realmente bom a escrever de forma acessível e eloquente. O livro é claro e uma leitura leve e bastante interessante para quem quiser começar a compreender melhor a nossa própria evolução.
Outra coisa que me conquistou francamente nesta obra foram as ilustrações que vão surgindo ao longo das páginas, que ajudam a compreender melhor a leitura mas também encantam pela beleza. Eu sinceramente adoro este género de ilustrações e não podia não as referir.
Livro recomendado!
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