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Não conseguia lembrar-se de nenhum Verão antes da morte do pai, num dia frio e húmido. Nos últimos tempos, vendo os anos a voar, tinha começado a pensar o que teria feito em todos esses Verões desperdiçados; como poderia tê-los gastado tão irreflectidamente? Sou uma pateta, dizia a si mesma no princípio de cada Verão, sou uma grande pateta; sou uma mulher feita e sei o valor das coisas. Não há nada que esteja totalmente perdido, pensava sensatamente, nem mesmo a nossa infância […]”
Shirley Hardie Jackson foi uma escritora norte-americana que nasceu em São Francisco, na Califórnia, em Dezembro de 1916. Escreveu seis romances, dois livros de memórias e vários contos, tendo ficado conhecida sobretudo pelas suas obras de terror e mistério.
A Maldição de Hill House é já considerado um dos grandes clássicos de terror, bem como uma das melhores oras do género escrita no séc. XX. Aqui conhecemos Eleonor, uma mulher que passou os últimos anos a cuidar da mãe doente e agora dorme de favor numa cama no quarto da sobrinha; Theodora, que aparenta uma alma artistica e gostos caros; Luke, que é sobrinho da dona da casa e tem tendências pouco dignas; o Drº Montague, que quer escrever um livro sobre o paranormal e reúne as três personagens anteriores na misteriosa Hill House; e mais algumas caricatas personagens.
Este livro não estava nos meus planos de leitura, mas assim que espreitar por curiosidade as primeiras páginas tive mesmo de ir até ao fim e isso é a primeira coisa que há a dizer sobre a obra: a leitura é viciante, a escrita é fluída e mesmo sendo um livro de terror é uma leitura leve e deliciosa.
As personagens são carismáticas e vê-se que todas tem uma forte história por trás que poderia ser tremendamente mais desenvolvida. Assim, tocando-as ao de leve, deixa um sabor de quero mais. Apenas a Eleonor conhecemos um pouco melhor, mas falta algo.
Toda a obra passa-se durante uma semana na casa. A descrição da casa é algo que eu particularmente adorei, os pormenores, as explicações. As relações entre as personagens desenvolvem-se estranhamente depressa, não sei se uma semana com desconhecidos seria realmente o suficiente para certas situações mas tudo bem.
O fim desapontou-me um pouco, apesar de ser bom esperava mais, ficou um pouco aquém da história.
Ainda assim é um livro muito bom, eu gostei e devorei-o em menos de nada.
Muito recomendado!