Não Sou Um Monstro – Carme Chaparro

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“Lancemos uma vista de olhos pela sala. Por exemplo, olhemos para esse homem, esse homem calvo e redondo que vestia um polar de alguém trinta anos mais novo e umas calças de alguém vinte anos mais velho, como se fosse feito de retalhos de diferentes pessoas. Não é capaz nem de abrir os olhos. Há quanto tempo não fixará o olhar em nada? Há quanto tempo não porá um pé na frente do outro porque na verdade quer ir a algum sitio e não porque se deixa levar? Há quanto tempo não pega numa coisa – nem que seja um copo de água – querendo na realidade pegar-lhe, com uma ordem directa do cérebro para a mão – tens sede, estende o braço, faz pinça com os dedos, pega no copo, aproxima-o à boca, bebe? Se pudéssemos meter-nos na cabeça dele, veríamos que tudo está (des)ocupado por um vazio imenso, um espaço oco por onde não deixam de ressoar as mesmas ondas, fazendo ricochete em cascata de um extremo ao outro do crânio, uma após a outra. De vez em quando o pensamento fica suspenso no olho do furacão – Não sabe, não se lembra, não se dilacera -, mas é apenas uma ilusão de ventos fracos e de céus límpidos. O temporal onde vive não lhe dá tréguas. A culpa foi tua. A culpa foi tua. Não mereces viver.”

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María del Carmen Martínez Chaparro mais conhecida como Carme Chaparro é uma jornalista e escritora espanhola nascida a 5 de Fevereiro de 1973. A sua obra Não sou um monstro venceu, em 2017, o prémio Novel Spring.

Em Não sou um monstro, Carme Chaparro conta-nos a história de Nicolás, Kike e Pablo, três meninos que desaparecem em alturas diferentes do mesmo centro comercial e das pessoas que os cercam e que investigam o caso. O maior medo de todos? Que o culpado seja o Slender Man, que se suspeita um pedófilo.

O livro está bem escrito, sem dúvida. A história tem reviravoltas interessantes e o fim é muito bom, eu admito que não o adivinhei. Chocante. No entanto, foi um livro que não me agarrou, uma leitura empurrada que eu tive de forçar um pouco, uma história que não me apaixonou. Porquê? Porque os meninos simplesmente desaparecem, mas esta não é a história deles. É a história dos detectives que investigam o caso e dos jornalistas que o seguem. Isso a mim não me atrai, não é isso que eu procuro num bom thriller. Sabe-me sempre demasiado a “revista de fofocas”.

2*, mas recomendado a quem gostar deste género de policiais, que privilegia o ponto de vista dos detectives.

Livro na Wook

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