“O que quer o anarquista? A liberdade – a liberdade para si e para os outros, para a humanidade inteira. Quer estar livre da influência ou da pressão das ficções sociais; quer ser livre tal qual nasceu e apareceu no mundo, que é como em justiça deve ser; e quer essa liberdade para si e para todos os mais. Nem todos podem ser iguais perante a Natureza: uns nascem altos, outros baixos; uns fortes, outros fracos; uns mais inteligentes, outros menos… Mas todos podem ser iguais daí em diante; só as ficções sociais o evitam. Essas ficções sociais é que era preciso destruir.”
“Fui um operário vulgar, em suma: como todos, trabalhava porque tinha que trabalhar, e trabalhava o menos possível. O que eu era, era inteligente. Sempre que podia, lia coisas, discutia coisas, e, como não era tolo, nasceu-me uma grande insatisfação e uma grande revolta contra o meu destino e contra as condições sociais que o faziam assim. Já lhe disse que, em boa verdade, o meu destino podia ter sido pior do que era; mas naquela altura parecia-me a mim que eu era um ente a quem a Sorte tinha feito todas as injustiças juntas”
“Ora, o que é um anarquista? É um revoltado contra a injustiça de nascermos desiguais socialmente – no fundo é só isto.”
Fernando António de Nogueira Pessoa nasceu em Lisboa, a 13 de Junho de 1888.
Foi poeta, filósofo, dramaturgo, ensaísta, tradutor, publicitário, astrólogo, inventor, empresário, correspondente comercial e crítico literário. É conhecido principalmente pela sua incrível poesia e pelos seus inúmeros pseudónimos e heterónimos.
O Banqueiro Anarquista foi publicado pela primeiro vez em Maio de 1922 e foi o único conto que Fernando conseguiu publicar em vida. O título, só por si, já é um paradoxo: afinal, como pode um banqueiro ser anarquista? Mas também isso Fernando explica na sua obra. E não se esqueçam, ele era bom em contradições!
Ao escrever esta obra Fernando queria perturbar a sociedade e as pessoas. Queria pô-las a pensar, criar revolta, agitação. mudar consciências. A obra que nos chega é um diálogo entre dois amigos, um deles um banqueiro anarquista, que vem explicar a sua ideologia e como chegou a ela.
É um livro para se ler com atenção, complexo, ou não fosse ele escrito por Fernando Pessoa. No entanto é um livro pequeno, que se lê bem e que é instrutivo sim. Sinto que aprendi alguma coisa com este livro.Tudo o que o banqueiro diz é devidamente fundamentado e toda a obra tem uma boa dose de filosofia.
Passei bem longe de sequer pensar em me tornar anarquista, mas foi interessante.
Recomendado!