“Tomas ainda não sabia que as metáforas são uma coisa perigosa. Com as metáforas não se brinca. O amor pode nascer de uma única metáfora.”
“Só o acaso pode ser interpretado como uma mensagem. O que acontece por necessidade, o que já era esperado e se repete todos os dias é perfeitamente mudo. Só o acaso fala. Nele é que deve tentar-se ler, como as ciganas fazem com as figuras deixadas no fundo de uma chávena pela borra de café. […] O acaso tem destes sortilégios, a necessidade, não. Para um amor se tornar inesquecível é preciso que, desde o primeiro momento, os acasos se reúnam nele como os pássaros nos ombros de São Francisco de Assis.”
A Insustentável Leveza do Ser é um livro sobre a vida privada e sobre a vida pública, sobre o que se passa nos quartos, nas camas, mas também nas ruas e nas mesas dos políticos. É um livro num tom conformado e simultâneamente revoltado, escrito numa voz amarga. Um livro sobre amor, sexo, politica, o destino de cada um de nós e de todo um país. Eu poderia descrever cada personagem desta história e contar as suas próprias histórias de vida, mas não o vou fazer, porque este livro é muito mais do que as histórias das suas personagens.
Entrei na leitura sem grandes expectativas, depois de ter ouvido opiniões menos boas. Surpreendi-me, pela positiva. Muito.
Esta não é uma leitura fácil, de forma nenhuma. É um livro pesado, difícil de diferir. Mas afinal o que é positivo, o peso ou a leveza?
As personagens são meio místicas, intocáveis mas, ainda assim, quase sentimos que podemos estar na pele deles. Não os conhecemos bem o suficiente para sermos seus amigos, somos apenas espectadores das suas vidas. Espectadores parados de personagens conformadas que vão adiando interminavelmente o inevitável. Magoa-nos, dói-nos e nem sabemos bem porquê.
Fiquei com o estômago amarrado, atado, depois desta leitura. Preciso de livros mais leves agora. Não é fácil, mas é uma história que vale muito a pena.
Nunca vi um livro em que o titulo se adequasse tão bem à obra.
Livro recomendado!!
4*
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