Madame Bovary – Gustave Flaubert

“Leão estava cansado de amar sem resultado; começava a sentir o acabrunhamento causado pela repetição da mesma vida, quando nenhum interesse a dirige e nenhuma esperança a sustém.”

 

Uma das minhas decisões literárias para 2018 foi ler mais clássicos. Entretanto, tenho de admitir que aquelas capas, monocromáticas e a imitar couro, de letras douradas e aspecto austero que os clássicos são conhecidos por ter sempre foram uma das principais razões para eu me manter afasta deste género de livros. Sempre me pareceram tremendamente aborrecidas.

Mas este livro é diferente. Foi por isso que me decidi a lê-lo, ainda antes de saber a história sequer. A capa! Digam lá que não é linda?

bovary

Quando Gustave Flaubert publicou este livro, em 1856 , o escândalo foi tamanho que deu origem a um processo judicial contra ele e quem o publicou. A história foi então considerada “uma afronta à moral e aos bons costumes”. É claro que quando o processo chegou ao fim e o livro foi para as bancas, se tornou rapidamente num sucesso de vendas. Todos queriam saber o porquê do escândalo!

Aqui conhecemos Ema,  uma jovem sonhadora que gostava de ler histórias de amor. Ora como qualquer boa muher romântica, Ema casa-se. O marido adora-a. Depois, nasce a filha deles.

Até que um dia Ema, a sonhadora Madame Bovary, começa a olhar em volta e apercebe-se de que não vive numa dessas grandes histórias de amor que passa o tempo a ler. Na verdade, ela nem gosta assim tanto do marido, que é meio tonto. E então, Ema arranja um amante.

Este livro é uma critica à sociedade da época. É uma história sobre amor (ou a falta dele), insatisfação e adultério. Mas para mim é, acima de tudo, a história de uma mulher comum.

Uma personagem mulher que, ao contrário das personagens mulheres daquele tempo, pensava por si própria e ia atrás do que queria, mesmo que quando o que queria era um amante. Naquele tempo as mulheres na literatura (e não só) não iam atrás de nada, eram só seres pouco pensantes, dóceis e obedientes, que ficavam sossegadas no seu canto a tomar conta das coisas menos importantes enquanto as personagens masculinas faziam a história. Madame Bovary é diferente acima de tudo por isso mesmo. Mais que o adultério, está a liberdade de escolher cometê-lo. Está o desejo sexual, que não era permitido às mulheres. Está o sonho de fazer o que se quer, mesmo que todos nos julguem por isso!

O livro é relativamente fácil de ler. Eu li nas entrelinhas um bom toque de divertimento. O atrevimento, esse, está bem mais expresso do que nas entrelinhas.

Um livro apaixonante, este, que tornou Flaubert num dos pais da literatura como a conhecemos hoje!

Livro muito recomendado!

Livro na Wook

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8 comments

  1. Efectivamente este é um dos grandes livros da literatura universal. Para além de estar muito bem escrito, é uma espécie de paródia ou crítica à sociedade de Flaubert, algo tão em moda na altura, pois basta ver que o se escrevia na Rússia (Dostoievski), Inglaterra (Dickens), Estados Unidos (Twain) e até mesmo Portugal onde Eça, para mim, foi o expoente máximo.

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  2. Li a Madame Bovary por duas vezes. Uma com 19 anos, outra já com mais de 40. A idade adulta fez-me entender melhor a mensagem de Flaubert e destronou definitivamente a Emma dos píncaros onde a mimha tenra idade a tinha colocado. Agora, vejo a gigantesca crítica à hipocrisia, à futilidade e ao preconceito que existia na sociedade de então. Mas nos dias de hoje não estamos melhor, apenas diferentes nas modas e manias… é intemporal, a mensagem de Flaubert.

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