Na terra somos brevemente magníficos – Ocean Vuong

Livro Físico

“Eh”, disse, quase a dormi. “o que eras antes de me conheceres?”
“Acho que era alguém prestes a afogar-se.”
Uma pausa.
“E o que és agora?”, sussurrou, cedendo ainda mais ao sono
Pensei por instantes. “Água.”

Eu sei. Não é justo que a palavra rir esteja presa dentro de ferir.

Disseste-me uma vez que o olho humano é a criação mais solitária de deus. Passa tanto do mundo pela pupila e, apesar disso, ela não guarda nada. O olho, sozinho na sua órbita, nem sequer sabe que há outro, exatamente igual, a dois centimetros e meio de distância, tão faminto e tão vazio como ele. Quando abriste a porta para o primeiro nevão da minha vida, sussurraste: “Olha.”

Em Na terra somos brevemente magníficos o autor, Ocean Vuong, conta-nos a sua própria história através de uma carta escrita pelo filho à mãe que não sabe ler.

Numa escrita fluída, poética e comovente o autor fala-nos da sua infância, da sua família, de imigração, de homossexualidade, de violência e de amor. É um livro que nos traz memórias de experiências pesadas, sem se tornar demasiado pesado. Uma vez por outra algumas coisas são ditas apenas nas entrelinhas, como quem diz sem querer dizer, e um leitor desatento facilmente passa por elas sem as perceber.

Ao mesmo tempo é um livro apaixonante, que emociona ao falar-nos do primeiro amor, de autodescoberta e autoaceitação.

Um livro magnífico! 5*, muito recomendado!

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