Em inglês as faturas devem ser pagas sempre honradamente. Voltei-me para o homem, que depressa baixou os seus olhos ante os meus. Falara sempre como se tivesse a garganta cheia de gelatina. Agora, com uma expressão maliciosa, emitia sons por entre aquele atoleiro que tomavam a forma de insinuações de alguma recompensa eterna por valiosos serviços prestados. No entanto, nem nessa altura eu tomara já uma decisão. Era, disse para comigo, um mau operário que culpava os materiais de trabalho.

Edward Powys Mathers, com o pseudónimo de Torquemada, nasceu 8 de agosto de 1892 em Forest Hill, Londres e faleceu a 3 de fevereiro de 1939 em Hampstead. Foi escritor, poeta, tradutor e um pioneiro na compilação de palavras cruzadas crípticas.
Publicado originalmente em 1934, A Mandíbula de Caim é um enigma literário que até hoje apenas foi resolvido três vezes. Nas suas páginas fora de ordem há seis assassinos e seis assassinados. Cabe ao leitor perceber a história, descobrir quem são os mortos e os criminosos e ordenar as páginas.
Em primeiro lugar tenho de dizer que a edição foi criada de uma maneira bastante inteligente. Todas as páginas podem ser recortadas, para que o leitor as possa ordenar mais livremente e todas têm espaço para anotações. A editora afirma que vai dar 1000€ a quem primeiro resolver o enigma, o que me parece uma jogada de marketing extremamente inteligente até porque, vamos ser honestos, não me parece que aconteça.
A história é boa mas realmente muito dificil de perceber. Em cada página fala uma das personagens, mas não nos é dito diretamente qual. A escrita, que me parece um produto da sua própria época, também não envelheceu bem e isso torna o livro ainda mais enigmático.
É um desafio diferente, divertido e verdadeiramente provocador. E é, também, um livro feio para vender.
Recomendo, pelo desafio.