
“Sempre me assombrou mais a inércia do homem perante o horror do que o horror em si.”
“Tentei dizer à minha amiga de Berlim que já tinha visto demasiado na minha viagem pela Alemanha, que começava a perder a dimensão da tragédia, que não me interessava visitar campos de concentração, nem sequer um daqueles em que o meu avô tinha estado prisioneiro, que para mim todos os campos de concentração não eram mais que um parque turístico dedicado a lucrar com o sofrimento humano.”

Eduardo Halfon nasceu a 20 de agosto de 1971 na Cidade da Guatemala, Guatemala. Atualmente vive em Berlim. A sua obra está traduzida em várias línguas e já recebeu diversos prémios.
Eduardo Halfon traz-nos nesta obra a personagem Eduardo Halfon, que pode ou não ser o autor. Aqui, vemos esta personagem interessar-se pela história da sua família, dos seus avós e, sobretudo, do irmão do seu pai, que lhe contaram ter morrido afogado aos 5 anos mas do qual ninguém fala abertamente.
Este é um daqueles livros que percebemos a qualidade, a densidade e o quanto nos vai dominar logo nas primeiras linhas. É um livro bastante curto, repleto de repetições, que enreda o leitor numa teia densa mas fácil de compreender. Aos poucos sentimo-nos como fazendo parte daquela família judaica, sentimos conhecer aquelas personagens que passaram por tanto, que trabalharam nos campos de concentração e viram um filho morrer.
E é também um livro que nos traz algumas surpresas, uma ligeira nuance de paranormal e no final nos deixa com um nó no estomâgo de arrependimento pelo que se fez, ou não se fez. Um livro curto, mas que toca, que comove, que preenche.
Muito recomendado. 5*