
“Também são exilados aqueles que ficaram”
“Diria que é quase impossível encontrar alguém no Chile que não tenha uma ideia do futuro.”

Gabriel García Márquez nasceu a 6 de Março de 1927 em Aracataca, na Colômbia. Era filho de Gabriel Eligio García e de Luísa Santiaga Márquez, que tiveram ao todo onze filhos. Diz-se que em 1966 quando Gabriel e a sua esposa Mercedes foram aos correios enviar o livro Cem Anos de Solidão terminado pareciam dois sobreviventes de uma catástrofe. O envelope, com 490 páginas dactilografadas, tinha um custo de envio de 82 pesos, mas eles apenas tinham 50. Enviaram a primeira parte, foram a casa, empenharam o liquidificador, o aquecedor e o secador de cabelo e voltaram aos correios para enviar o resto. Gabriel é, provavelmente, o mais reconhecido escritor do “Terceiro Mundo”. A sua reputação é inigualável. As suas obras inserem-se no realismo mágico, um estilo literário que fica entre a realidade e a fantasia, as experiências reais e os sonhos, tocando nos dois mundos.

Miguel Ernesto Littín Cucumides nasceu a 9 de agosto de 1942 em Palmilla, Chile. É o mais reconhecido cineasta chileno da atualidade. Em A Aventura de Miguel Littín, Clandestino no Chile, Gabriel García Márquez conta-nos como Miguel Littín regressou ao Chile após ter sido forçado ao exílio, disfarçado de cidadão uruguaio, para gravar o documentário Ata Geral do Chile, com denúncias contra o regime militar de Pinochet.
Em primeiro lugar tenho de admitir que esta não foi uma das minhas leituras preferidas de obras de Gabriel García Márquez. É um livro diferente, no sentido em que se refere a uma história real, que se passa no meio de violência, opressão e ditadura. A escrita, como sempre, é de ficar com vontade de ler mais e mais, mas a historia não era o que eu queria ler.
Não que seja um livro mau, muito pelo contrário. É um livro excelente, que além de nos contar uma história real nos leva a pensar sobre o que aquelas pessoas passaram durante a ditadura. Qual é a sensação de viver em ditadura, de ter de conter as palavras, de não poder falar sobre as suas opiniões. É um livro pesado, mas que ensina muito, que nos deixa a pensar e que tem um objetivo claro. E que faz tudo aquilo a que se propõe. A mim tocou-me em particular a questão do exílio: ser forçado a deixar a sua terra, o que sempre conheceu, a sua família e amigos para trás por uma questão politica, deve ser uma sensação terrível.
Livro recomendado. 4*