Dez livros de jornalistas que se tornaram escritores

Os Vivos e os Outros
José Eduardo Agualusa

Livro Físico

José Eduardo Agualusa nunca foi tão longe no lirismo da sua prosa – nem, ao mesmo tempo, no desenho de personagens tão reais que parecem inventadas. Para onde vamos depois do fim? Talvez para uma pequena ilha, pois, como diz uma das personagens deste romance, «depois que o mundo acabar, recomeçará nas ilhas». Daniel Benchimol, personagem de A Sociedade dos Sonhadores Involuntários e Teoria Geral do Esquecimento, regressa logo na primeira página do novo livro de Agualusa. O cenário é o da beleza única e mágica da Ilha de Moçambique – onde decorre um festival literário que reúne três dezenas de escritores africanos que, na sequência de uma violentíssima tempestade no continente (e de um evento muito mais trágico, que só depois se revelará), permanecerão totalmente isolados durante sete dias. Mas a história leva-nos mais longe: a uma série de estranhos e misteriosos acontecimentos, que colocam em causa a fronteira entre realidade e ficção, passado e futuro, a vida e a morte, e inquietam os escritores e a população local.

As Veias Abertas da América Latina
Eduardo Galeano

Livro Físico

Banido por ditaduras sul-americanas, As Veias Abertas (1971) é o relato implacável de cinco séculos de pilhagem de um promissor continente pela Europa e pelos EUA, e uma obra essencial sobre a exploração do homem pelo homem. Esta contra-história notável de um continente exangue, fundindo crónica e relato, dados económicos e sociais, devolve-nos o olhar dos vencidos e traça as injustiças e o saque constante operado pelo estrangeiro, desde a chegada dos primeiros conquistadores até à ocupação pelas multinacionais norte-americanas. Inspirou e continuará a inspirar gerações de ativistas em todo o mundo.

A Guerra não Tem Rosto de Mulher
Svetlana Alexievich

Livro Físico

Nesta obra-prima, Svetlana Alexievich dá voz a centenas de mulheres que revelam pela primeira vez a perspetiva feminina da Segunda Guerra Mundial. O número de mulheres combatentes no Exército Vermelho chegou quase a um milhão, mas a sua história nunca foi contada. Este livro, marcado pelo estilo pungente de Svetlana Alexievich, apresenta testemunhos de mais de 200 jovens russas que passaram de filhas, mães, irmãs e noivas a atiradoras, condutoras de tanques ou enfermeiras em hospitais de campanha. O seu relato não é uma história de guerra, nem de combate; é uma história de mulheres e homens catapultados «da sua vida simples para a profundeza épica de um enorme acontecimento». Em que pensavam? De que tinham medo? Como foi aprender a matar? É sobre isto que estas mulheres falam, mostrando uma faceta do conflito sobre a qual não se escreve. Descrevem a sujidade e o frio, a fome e a violência sexual, a angústia e a sombra permanente da morte. A Guerra não Tem Rosto de Mulher, a marcante obra de estreia de Svetlana Alexievich, foi originalmente publicada em 1985, depois de quatro anos de pesquisa e entrevistas. Esta edição corresponde ao texto fixado em 2002, quando a autora reescreveu o livro e incluiu novos excertos com uma força que, antes, a censura não lhe tinha permitido mostrar.

Laços de Família
Clarice Lispector

Livro Físico

Reunindo vários contos da autora, e com prefácio de Lídia Jorge, “Laços de Família” foi publicado em 1960. Os 13 contos foram escritos entre 1943 e 1955: “Devaneio e embriaguez duma rapariga”, “Amor”, “Uma galinha”, “A imitação da rosa”, “Feliz aniversário”, “A menor mulher do mundo”, “O jantar”, “Preciosidade”, “Os laços de família”, “Começos de uma fortuna”, “Mistério em São Cristóvão”, “O crime do professor de matemática” e “O búfalo”.

Equador
Miguel Sousa Tavares

Livro Físico

Quando naquela manhã chuvosa de Dezembro de 1905, Luís Bernardo é chamado por El-rei D. Carlos a Vila Viçosa, não imaginava o que o futuro lhe reservava. Não sabia que teria de trocar a sua vida despreocupada na sociedade cosmopolita de Lisboa por uma missão tão patriótica quanto arriscada na distante ilha de S. Tomé. Não esperava que o cargo de governador e a defesa da dignidade dos trabalhadores das roças o lançassem numa rede de conflitos e interesses com a metrópole. E não contava que a descoberta do amor lhe viesse mudar a vida.
Equador é um retrato brilhante da sociedade portuguesa nos últimos dias da Monarquia que traça um paralelo entre os serões mundanos da capital e o ambiente duro e retrógrado das colónias. Foi com esta história admirável, comovente e perturbadora, que Miguel Sousa Tavares inaugurou a sua incursão no romance.

Por Quem os Sinos Dobram
Ernest Hemingway

Livro Físico

Em 1937 Ernest Hemingway viajou para Madrid, com o intuito de aí realizar algumas reportagens sobre a resistência do governo legítimo de Espanha ao avanço dos revoltosos fascistas. Três anos mais tarde, concluiria a elaboração de um dos mais famosos romances sobre a Guerra Civil de Espanha, Por Quem os Sinos Dobram. A história de Robert Jordan, um jovem americano das Brigadas Internacionais, membro de uma unidade guerrilheira que combate algures numa zona montanhosa, é um relato de coragem e lealdade, de amor e derrota, que acabou por constituir um dos mais belos romances de guerra do século XX. «Se a função de um escritor é revelar a realidade», escreveria o editor Maxwell Perkins em carta dirigida a Hemingway após ter concluído a leitura do seu manuscrito, «nunca ninguém o fez melhor do que você.»

Rodopio
Mário Zambujal

Livro Físico

O amor acontece em todo o lado, sobretudo na vida dos protagonistas destas histórias, homens e mulheres normais a quem sucedem encontros extraordinários. Há paixões que nascem em bancos de jardim e logo são inscritas no tronco de uma árvore, à mesa de estabelecimentos comerciais, na praia, a bordo de um avião ou mesmo no trânsito. Algumas são eternas, e delas nascem casamentos e outras arrelias; outras estão condenadas como as árvores do parque onde foram inscritos os nomes dos namorados… Com o seu habitual sentido de humor, Mário Zambujal transforma os acontecimentos do dia a dia numa paródia constante. Neste Rodopio encontramos um apaixonante e muito divertido conjunto de personagens pronto para nos fazer soltar um sorriso maroto ou uma valente gargalhada.

O Botequim da Liberdade
Fernando Dacosta

Livro Físico

A última grande tertúlia de Lisboa – que marcou culturalmente, politicamente várias décadas portuguesas – teve lugar no Botequim, bar do Largo da Graça criado e projectado por Natália Correia. Nele fizeram-se, desfizeram-se revoluções, governos, obras de arte, movimentos cívicos; por ele passaram presidentes da República, governantes, embaixadores, militares, juízes, revolucionários, heróis, escritores, poetas, artistas, cientistas, assassinos, loucos, amantes em madrugadas de vertigem, de desmesura. A magia do Botequim tornava-se, nas noites de festa, feérica. Como num iate de luxo, navegava-se delirantemente (é uma viagem assim que neste livro se propõe) em demanda de continentes venturosos, de ilhas de amores a encontrar.
O futuro foi ali, como em nenhuma outra parte do País, festivamente antecipado – nunca houve, nem por certo haverá, nada igual entre nós.

Humilhados e Ofendidos
Fiódor Dostoiévski

Livro Físico

Após o prolongado exílio na Sibéria, que viria a inspirar Cadernos da Casa Morta, Dostoiévski publicou, em 1861, Humilhados e Ofendidos, o romance onde expõe a desumanidade do seu tempo e do seu país, em que os ricos e poderosos escravizavam e humilhavam os mais pobres. Nesta obra, narrada pelo jovem escritor Ivan Petróvitch, dois enredos vão convergindo gradualmente. Natacha, amiga de infância e amada de Ivan, foge da casa dos pais para casar com Aliocha, o filho do príncipe Valkóvski, que não aprova esta união. Entretanto, Ivan conhece Elena, uma menina órfã de treze anos, que é adoptada por Nikolai, o pai de Natacha. E é ao contar a sua triste história que a pequena Elena consegue que Nikolai perdoe a sua filha. Uma narrativa envolvente e cativante onde o sofrimento humano é retratado com mestria.

Cem Anos de Solidão
Gabriel García Márquez

Livro Físico


Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendía haveria de recordar aquela tarde remota em que o pai o levou a conhecer o gelo.
Com estas palavras – tão célebres já como as palavras iniciais do Dom Quixote ou de À Procura do Tempo Perdido – começam estes Cem Anos de Solidão, obra-prima da literatura contemporânea, traduzida em todas as línguas do mundo, que consagrou definitivamente Gabriel García Márquez como um dos maiores escritores do nosso tempo. A fabulosa aventura da família Buendía-Iguarán com os seus milagres, fantasias, obsessões, tragédias, incestos, adultérios, rebeldias, descobertas e condenações são a representação ao mesmo tempo do mito e da história, da tragédia e do amor do mundo inteiro.

[Sinopses de wook.pt]

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