
“Para Sétimo, a identidade fora sempre uma prisão da qual ansiava evadir-se – brancos, negros, castanhos, norte-americanos, europeus, russos, masculino, feminino, heterossexuais, homossexuais, Eles, os Outros, ateístas, monoteístas, politeístas – a lista interminável de blocos de celas dos quais não havia escapatória. E, ainda assim, ultimamente, os prisioneiros à sua volta erguiam orgulhosamente as algemas acima da cabeça e aplaudiam o seu próprio cativeiro.”

Shalom Auslander nasceu em Monsey, Nova Iorque, em 1970.
Em Mãe para jantar conhecemos Sétimo e a sua família de canibais. Quando Mudd, a mãe de Sétimo, percebe que está prestes a morrer chama para junto de si os seus doze filho para que eles cumpram a tradição e… a comam. Mas nem todos ficam contentes com a ideia. Afinal, a carne das mães sabe muito, muito mal.
Fiquei curiosa assim que o vi. Achei que era diferente e apesar de eu não ser muito de livros de humor, este era tão diferente que eu quis experimentar. Não me enganei: passei toda a leitura com a sensação de que não sabia o que viria a seguir: podia ser qualquer coisa. E quem me segue sabe, eu leio muito. Não é fácil um livro ser tão diferente ao ponto de eu não saber o que esperar.
Não acho que seja um livro para todos. É um livro que ou se adora ou se odeia. Eu particularmente adorei, mas percebo que seja controverso. A forma como o autor trata a questão das minorias e das suas tradições pegando no canibalismo pode ser um pouco ambígua.
É um livro controverso, criado para confrontar. Mas também é isso que um bom humorista faz. E este livro é de humor negro, mas é também de humor inteligente. É um livro sobre tradição e identidade, sobre quem realmente somos e quem os outros acham que deveriamos ser. E é um grito de revolta.
Recomendado. 5*