
“Nora sempre tivera dificuldade em aceitar-se. Desde que conseguia lembrar-se de si que tinha a sensação de que não era suficiente. Os pais, ambos com as suas inseguranças individuais, haviam fomentado muito a ideia. Por isso, agora dava por si a imaginar como seria aceitar-se inteiramente. Aceitar cada erro que cometera. Aceitar cada marca no seu corpo. Aceitar todos os sonhos que não alcançara e todas as dores que sentira. Todos os desejos ou ânsias que reprimira. Imaginou que os aceitava a todos da mesma forma que aceitava a natureza. Da mesma forma que aceitava um glaciar ou um papagaio-do-mar ou uma baleia a saltar na água. Imaginou que olhava para si mesma como apenas mais uma brilhante aberração da natureza. Mais um animal senciente que estava a tentar fazer o seu melhor. E ao fazê-lo, imaginou como seria ser livre.”
(p. 175)

Matt Haig nasceu a 3 de julho de 1975 no Reino Unido. É jornalista e romancista e a sua obra A biblioteca da meia-noite já vendeu mais de 2 milhões de exemplares.
Nesta história conhecemos Nora Seed, uma mulher que dá por si sem vontade de continuar a viver. Sem família nem amigos chegados, sem emprego nem perspetivas de futuro, Nora decide de uma vez por todas pôr fim à vida e tenta o suícidio através de comprimidos. Mas no limiar entre a vida e a morte, Nora dá por si numa biblioteca infinita onde reencontra a velha bibliotecária da sua escola, a Srª Elm. Cada um dos livros desta biblioteca transporta Nora para uma vida alternativa que poderia ter sido dela se em algum momento ela tivesse tomado uma decisão diferente, desde as mais simples às mais complexas. E ao ver tudo o que poderia ter alcançado, Nora dá consigo a reaver a vontade de viver.
Há livros com potencial para mudarem vidas. Este é sem dúvida um deles.
Imensamente bem escrito, com um texto lindíssimo e uma história que apesar de não ser única é suficientemente criativa e peculiar. Nora é uma personagem que no início parece um pouco chata mas que nos apaixona à medida que vamos conhecendo com ela as suas diferentes vidas. Ela não é nada de especial, mas podia ter sido tudo. Pode ainda ser tudo.
Uma história desconcertante sobre o poder das nossas decisões e como até a nossa mais pequena escolha pode ter um efeito devastador na nossa vida e na vida dos outros. Um livro que nos mostra que todos somos importantes, que todos podemos ser tudo o que quisermos e que temos em nós próprios o poder de tornar os nossos dias (e as nossas vidas) bons ou maus. É impossível começar a ler este livro e não terminar. E é impossível o leitor ler este livro e não se identificar (e se apaixonar!) por Nora! E o final é tudo o que queria e… ainda mais!
Um livro magnífico, excepcional e assombroso! Quando terminei de ler só queria recomeçar! Entrou para a lista de livros preferidos!
Muito, muito, muito recomendado! 20000*