Agora que os talibãs voltam ao poder no Afeganistão somos constantemente bombardeados com notícias sobre o acontecimento. Mas afinal, o que representa esta tomada de poder para as pessoas que vivem realmente no Afeganistão? O que vai isso mudar no dia-a-dia delas?
Hoje trazemos uma lista com livros de ficção e de não ficção que, de uma forma ou de outra, podem ajudá-lo a perceber o que é isso de viver sob o domínio talibã. Um assunto sério, para o qual todos devíamos estar bem alerta…
Os Talibãs
O Islão, o Petróleo e o Novo Grande Jogo na Ásia Central
Ahmed Rashid
A presença de Ussama bin Laden e das suas bases de terroristas no Afeganistão trouxe os talibãs para o centro das atenções internacionais como sendo o movimento islâmico mais radical e extremista em qualquer parte do mundo presente. Mas sabe-se muito pouco acerca dos talibãs, devido ao profundo secretismo que tem envolvido a organização, os seus líderes e os seus objectivos. A um tempo, os talibãs conseguiram atrair tanto o fascínio como o ódio, tanto a controvérsia como o medo, quer no mundo muçulmano quer no Ocidente. As implicações geo-estratégicas da expansão dos talibãs criaram grande instabilidade na Rússia e na Ásia Central. E os talibãs tornaram-se assim um interveniente importante do novo «Grande Jogo» — relembrando o confronto entre a Grã-Bretanha e a Rússia no Afeganistão do século xix — em que se manifestam a concorrência entre algumas companhias petrolíferas ocidentais, as manobras praticadas pelo Paquistão, pela Arábia Saudita e pelo Irão e as operações secretas da CIA. Prémio deste «jogo»: conseguir o acesso aos novos campos petrolíferos e permissão de instalação dos oleodutos — do mar Cáspio até ao golfo Pérsico —, tudo isto sem esquecer a atracção exercida pelo negócio da droga.
Os Talibã
Guerra e Religião no Afeganistão
Os ataques terroristas ao World Trade Center e ao Pentágono, em 11 de Setembro de 2001, trouxeram à ribalta a natureza do relacionamento entre o Ocidente e o mundo islâmico. Os ataques levantaram um conjunto de questões importantes. Terão sido o resultado das políticas dos EUA para o mundo islâmico e, se assim o foi, poderia uma inversão de tais políticas tornar-se o meio mais eficaz de proteger o ocidente de ataques terroristas futuros? Se aceitarmos a premissa de que Osama bin Laden é apenas um entre muitos que poderiam ter planeado os ataques, qual o caminho correcto a seguir? Quais são as opções? Tratar-se-á do caso, como muitos no Ocidente receiam, de a acção militar iniciada em Outubro de 2001 pelos EUA contra os talibã e os supostos campos de treino de terroristas no Afeganistão vir a produzir outra geração de terroristas dispostos a martirizarem-se pela causa? Aumentará o número de ataques terroristas a alvos ocidentais? Ou tais ataques acontecerão enquanto os EUA mantiverem a sua presença militar na Arábia Saudita? Uma presença militar norte-americana no Paquistão conseguiria proteger o actual regime de uma tentativa de golpe militar? Teriam os EUA a capacidade financeira para reforçar a capacidade paquistanesa de enfraquecer os partidos radicais que existem dentro das suas fronteiras? Até que ponto Osama bin Laden é o principal organizador de uma força inspiradora, um símbolo da oposição à política externa norte-americana? Se, como muitos dizem, a Al-Qaeda é uma rede bastante flexível de pessoas que partilham uma visão comum e cujos grupos actuam de forma independente uns dos outros, conseguirá o governo norte-americano localizar as componentes da rede onde futuros ataques terroristas estejam a ser planeados? Se forem localizadas e desmontadas, poderão outras células emergir para realizar o ataque previsto ou outros semelhantes? Este livro procura reflectir sobre as questões levantadas e sobre os dilemas inevitavelmente surgidos. O ponto de partida, contudo, terá de ser o próprio Afeganistão. Este é o país que os EUA atacaram militarmente em Outubro de 2001, e isto apesar de nem um único afegão ter sido identificado como suspeito envolvido no ataque ao World Trade Center e ao Pentágono. É, portanto, pelo Afeganistão que temos de começar qualquer tentativa séria de explorar as importantes e difíceis questões levantadas. Temos de tentar compreender a cadeia de acontecimentos dentro daquele trágico país, como é que uma facção chamada «talibã» chegou ao poder, no que crêem e como este facto desencadeou um conjunto de acontecimentos que resultou na guerra actual. Compreender os talibã, e o Afeganistão de forma geral, é o objectivo deste livro.
O Falcão Afegão
Viagem ao país dos talibã
Olivier Weber
Porque tem de ser assim, está escrito, nós somos os soldados de Deus, os mestres da fé, os puros de entre os puros neste mundo impuro. Nas ruas de Kandahar, Zahir já não olha para os véus azulados, essas sombras de silêncio que desfilam como um exército de vergonha, vergonha de se cruzar com os homens, vergonha de se dirigir aos comerciantes, de cabeça baixa, vergonha de pisar os passeios com sapatos que já não são envernizados, nunca se sabe, isso poderia ser interpretado como um sinal de ostentação e de prazer. Nas ruas de Kandahar reina uma lei de obscurantismo, a dos vencedores, e o próprio Zahir também baixa por vezes os olhos, como um vencido, um deserdado do desejo, um condenado da paixão. Nos tempos do profeta, os poetas do Hedjaz tinham inventado o ghazal, os versos de amor sobre o amor cortês, e elogiavam o amor puro, cuja apologia acompanhou o Islão conquistador. O desejo da carne enriquecia assim a comunhão espiritual. No emirato dos talibã, o amor encontrou uma fronteira, perseguida até ao olhar, considerada como um ultraje e contrária à ideia de submissão. O desejo está enterrado, à excepção do dos mullahs, as Xerazades estão prisioneiras, os ardores estão apagados, a própria essência da paixão amorosa está banida. Os turbantes negros mataram o amor. Na imensidão seca e desértica do Afeganistão, vive uma ave em vias de extinção, o famoso Falcão Peregrino, por muitos chamado o Falcão Afegão. Livre e única no seu modo de vida, esconde-se nas suas montanhas e desertos e, quando estende as asas para voar, é capturada, aprisionada e cerceada da sua liberdade. Por entre o fanatismo e as proibições, os massacres e as execuções, os afegãos são como os falcões. Nascendo livres, são aprisionados por um regime de totalitarismo e intransigências, onde a mais pequena falta conduz à morte e a sombra de um turbante negro se abate sobre os homens, como a sombra dos abutres sobre os falcões. O Falcão Afegão oferece-nos um relato em primeira-mão de um país prisioneiro dentro de si mesmo, um país de absolutismo religioso, um país que, a pouco e pouco, começa a libertar-se. Olivier Weber é repórter do jornal Le Point. A sua cultura, o seu gosto pelos outros, a sua tenacidade, permitiram-lhe desenhar o Afeganistão actual: delirante e sedutor, objecto de escândalo aos nossos olhos – um país onde reina o absurdo.
O Caçador de Pipas
Khaled Hosseini
‘O caçador de pipas’ conta a história de Amir, um afegão há muito imigrado para os Estados Unidos, que se vê obrigado a acertar as contas com o passado e retorna a seu país de origem. O ponto de partida do livro é a infância do protagonista, quando Cabul ainda não era a capital do país que foi invadido pela União Soviética, dominado pelos talibãs e subjugado pelos Estados Unidos.
Eu sou Malala
Malala Yousafzai
Malala Yousafzai tinha apenas dez anos quando os Talibãs tomaram o controlo da região onde vivia. Educada a defender os valores em que acredita, Malala lutou pelo seu direito à educação sob o regime talibã e por essa causa quase perdeu a vida no dia 9 de outubro de 2012, atingida à queima-roupa quando regressava a casa na carrinha da escola. Hoje, ela é um símbolo do protesto pacífico e a pessoa mais jovem de sempre a receber o prémio Nobel da Paz. Esta edição das suas memórias dirigida aos leitores mais jovens, dá-nos a conhecer a sua história e faz-nos acreditar na esperança e na possibilidade de uma pessoa – ainda muito jovem – poder inspirar a mudança na sua comunidade e no mundo.
Deus Veio ao Afeganistão e Chorou
Siba Shakib
Numa das suas inúmeras viagens ao Afeganistão, a autora encontrou Shirin-Gol num campo de refugiados e sentiu-se espontaneamente cativada pela força irradiada por esta mulher. Shirin-Gol nasceu numa aldeia perdida na montanha. A sua vida foi ditada por tradições seculares. O seu nome significa Doce Flor.
Cresceu na pobreza, na fé do Corão e dentro dos estreitos limites da imagem islâmica da mulher. Shirin-Gol era ainda uma menina quando os russos invadiram o Afeganistão. O pai e os irmãos foram para a montanha, juntar-se à resistência dos mujahedin. As irmãs infringiram as regras, tirando os véus e seduzindo os soldados russos, mas apenas para os assassinar. Quando a sua aldeia foi destruída, as mulheres fugiram para Cabul. Na capital, Shirin-Gol foi obrigada a frequentar a escola russa, da qual começou por ter medo, até perceber como a instrução e a educação podiam transformar a sua vida. Foi nos anos de juventude que adquiriu força interior para suportar tudo o que a esperava: o casamento com um homem a quem é dada para saldar dívidas de jogo. As infindáveis perseguições e violações. E por fim a fuga ao regime talibã. A história de Shirin-Gol é um relato tão comovente como fiel da vida de uma mulher no Afeganistão. Uma vida permanentemente em fuga.
Cartas de Cabul
O Afeganistão vivido por um soldado português
Nuno Lemos Pires
“Escrever é sempre expor-se […] O que se é, o que se vive, o que se sente, o que se pensa… e para este desnudar há, muitas vezes, acanhamento (que vai das omissões à inibição de escrever). Felizmente, para nós, este não foi o caso do autor das Cartas de Cabul. A vontade de contactar, de dar a conhecer, de partilhar; a aptidão didáctica que está sempre presente nos seus escritos; o desejo de dizer o que fazemos e o que fazemos bem – levou-o a contar-nos (com as restrições que as operações e o senso exigem) o que ali viveu. Fá-lo com naturalidade, com simplicidade, diz-nos da sua admiração, compara experiências, olha para nós de lá, mostra a sua maneira de sentir, as suas dúvidas, a sua esperança.
O Grito Silenciado
Diário de Uma Viagem ao Afeganistão
Ana Tortajada
O relato de uma mulher afegã refugiada no Paquistão despertou na catalã Ana Tortajada uma grande admiração e solidariedade para com a história e a vida do povo do Afeganistão. Este sentimento, a que se juntou o desejo de conhecer de perto a realidade e o drama do país, levou-a a empreender uma viagem ao coração e ao horror da guerra. Em Agosto de 2000, Ana e duas companheiras puderam observar no terreno a situação dos refugiados afegãos no Paquistão: a miséria, a exploração laboral, o trabalho infantil e a quase inexistente ajuda internacional. Já no Afeganistão, nomeadamente em Cabul, e a viver de perto a repressão taliban, foram também testemunhas da luta clandestina de muitas pessoas que, pondo em risco a própria vida, tentaram que a educação, a cultura e a tolerância não enfraquecessem ante as armas dos opressores. Das suas experiências resultou este relato surpreendente – uma denúncia dos horrores infligidos por um regime que, em nome do Islão, torturou e assassinou impunemente, subjugando toda uma população cuja luta foi durante demasiado tempo ignorada.
O Vale Negro
Viagens de uma jornalista por terras do Afeganistão e do Paquistão
Paula Serra
Numa sociedade fechada às mulheres, num país devassado pela guerra, este é o testemunho brilhante duma realidade para nós quase desconhecida, simultaneamente estranha e misteriosa. Paula Serra nasceu em Coimbra em 1962. Actualmente jornalista free-lancer, colaborou, entre outros, com o semanário O Jornal e O Independente, bem como a revista Visão. Nos últimos 14 anos, fez reportagens em Portugal, África do Sul, Alemanha, Itália, Espanha, Rússia, Paquistão e Afeganistão. Recebe o Primeiro Prémio de Reportagem Escrita do Clube Português de Imprensa em Dezembro de 2002, com o seu trabalho sobre o Afeganistão.
A Primeira Estrela da Noite
Nadia Ghulam e Javier Diéguez
Nadia tinha apenas 8 anos quando o seu único irmão homem morreu. A sua vida nunca mais seria a mesma. Porque o regime talibã proíbe as mulheres de trabalhar, ela foi forçada a assumir a identidade dele para poder sustentar a família. Trabalhou no campo, na construção e numa oficina de bicicletas. Era ainda uma menina… A sua sorte mudou aos 21 anos, quando encontrou um verdadeiro lar em Espanha. Foi aí que – pela primeira vez – conheceu a doçura da liberdade. Mas, segundo a corajosa Nadia, a sua história não é nada quando comparada com a das mulheres da sua família, a quem quer dar finalmente voz. Pois foi ao regressar ao Afeganistão que Nadia começou a desvendar a história oculta das mulheres com quem sempre viveu. E foi surpreendida pela sua própria mãe – analfabeta, mas de uma sabedoria sem limites. E pela prima Mersal, a pessoa mais solidária que conhece. E não ficou por aí. As mulheres da sua família podiam ser todas as mulheres: altruístas, sábias, secretamente subversivas, corajosas perante as muitas adversidades que enfrentam no dia a dia. Deixe-se surpreender e envolver por esta viagem de descoberta: da família, das raízes, do coração… Um tributo emocionante às mulheres do Afeganistão.
As Meninas Proibidas de Cabul
Jenny Nordberg
Nas cidades e aldeias afegãs, há raparigas que se movimentam livremente e sem medo de represálias. Num país onde a mulher não tem valor nem privilégios, há meninas que vão à escola e brincam na rua. Elas existem mas ninguém sabe quem são. Porquê? Porque estão disfarçadas de rapazes. São as suas próprias famílias a fazê-lo ao abrigo de uma tradição secreta ancestral chamada bacha posh. Para uma família afegã, não ter filhos varões é uma tragédia. De forma a contornar este estigma, muitos vestem e apresentam ao mundo as suas filhas como se fossem rapazes. Mas este estado de graça só dura até à puberdade, altura em que são obrigadas a assumir a sua identidade feminina. Para as meninas que tiveram um vislumbre de autonomia, o choque é dilacerante. A jornalista premiada Jenny Nordberg deparou-se com este costume e ficou fascinada. Pouco a pouco, conseguiu reunir um grupo de mulheres corajosas. Os seus testemunhos são fascinantes e dão-nos uma perspetiva totalmente nova sobre o que significa ser mulher e os sacrifícios a que obriga ainda nos dias de hoje.
O Afegão
Frederick Forsyth
Um manual de contraterrorismo arrepiante e actual. Em O Afegão, Forsyth mergulha no universo do terrorismo internacional e atravessa alguns dos conflitos mais recentes, como a Primeira Guerra do Golfo, a guerra na Bósnia, o 11 de Setembro e a recente guerra no Afeganistão. Misturando pesquisa meticulosa com uma narrativa viva e enredos tão actuais como as manchetes dos jornais, Forsyth mostra ao leitor o mundo tal como ele é. E o mundo é um lugar assustador…
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