Celebra-se hoje, dia 23 de Abril, o Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor. A data tem como objectivo reconhecer a importância e a utilidade dos livros, assim como incentivar hábitos de leitura na população.
Para comemorar este dia aqui no blog, resolvi inquirir alguns colegas de profissão (bibliotecários) e trazer uma lista com os livros preferidos de quem todos os dias lida com livros. Esperamos que gostem!
Diário 1941-1943 de Etty Hillesum
A 9 de Março de 1941, quando Esther (Etty) Hillesum começou a escrever, no primeiro dos oito cadernos de papel quadriculado, o texto que viria a ser o seu Diário, estava-se longe de pensar que começava aí uma das aventuras literárias e espirituais mais significativas do século. Ela tinha vinte sete anos de idade e morreria sem ter feito trinta.
Um, Ninguém e Cem Mil – Luigi Pirandello
A revelação inesperada de que o seu nariz, ligeiramente torto, pende para o lado direito, leva Vitangelo Moscarda, pai de família e banqueiro influente, apelidado carinhosamente pela mulher de Gengè, aos limites da obsessão. A banal constatação da sua pequena imperfeição física provocará em Gengè comportamentos cada vez mais estranhos para os que o rodeiam, levando-o progressivamente à loucura e à quase bancarrota financeira. Humorístico e profundamente irónico, Um, ninguém e cem mil, foi o último romance publicado por Luigi Pirandello, Prémio Nobel de Literatura, e é considerado pela crítica como um dos pontos mais altos de toda a sua obra, onde o autor resume e aprofunda todo o seu universo, que marcou de forma original a literatura do século XX.
Cem Anos de Solidão – Gabriel García Márquez
“Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendía haveria de recordar aquela tarde remota em que o pai o levou a conhecer o gelo.“
Com estas palavras – tão célebres já como as palavras iniciais do Dom Quixote ou de À Procura do Tempo Perdido – começam estes Cem Anos de Solidão, obra-prima da literatura contemporânea, traduzida em todas as línguas do mundo, que consagrou definitivamente Gabriel García Márquez como um dos maiores escritores do nosso tempo. Esta fabtástica obra vem falar-nos da família Buendía-Iguarán com os seus milagres, fantasias, obsessões, tragédias, incestos, adultérios, rebeldias, descobertas e condenações são a representação ao mesmo tempo do mito e da história, da tragédia e do amor do mundo inteiro. O livro é recomendado para o Ensino Secundário como sugestão de leitura.
Austerlitz – W. G. Sebald
Com este retrato comovente de um emigrante em busca das suas origens, Sebald descreve um universo peculiar, se bem que reconhecível, que resulta do encontro entre a história pessoal e as particularidades do passeio; tendo a grandeza de tocar questões fundamentais como o tempo, a memória e a experiência humana. Uma obra única que tem um sabor muito particular a solidão.
O Perfume: História de um Assassino – Patrick Suskind
Esta história passa-se no século XVIII e é fruto de um extraordinário trabalho de reconstituição histórica que consegue captar plenamente os ambientes da época tal como as mentalidades. O protagonista é um artesão especializado no ofício de perfumista, e essa arte constitui para ele – nascido no meio dos nauseabundos odores de um mercado de rua – uma alquímica busca do Absoluto. O perfume supremo será para ele uma forma de alcançar o Belo e nessa demanda nada o detém nem mesmo os crimes mais hediondos, que fazem dele um ser monstruoso aos nossos olhos. Jean-Baptiste Grenouille possui no entanto uma incorrupta pureza que exerce um forte fascínio sobre o leitor. O Perfume, publicado em 1985, de um autor então quase desconhecido, foi considerado um dos mais importantes romances da década e nunca mais deixou de ser reeditado desde então, totalizando os 4 milhões de exemplares vendidos só na Alemanha e 15 milhões em países estrangeiros. Foi traduzido em 42 línguas em 2006 foi adaptado ao grande ecrã. O livro recomendado para alunos do Ensino Secundário, como sugestão de leitura.
Saga As Crónicas de Gelo e Fogo – George R. R. Martin
Quando Eddard Stark, lorde do castelo de Winterfell, recebe a visita do velho amigo, o rei Robert Baratheon, está longe de adivinhar que a sua vida, e a da sua família, está prestes a entrar numa espiral de tragédia, conspiração e morte. Esta saga é conhecida um pouco por todo o mundo graças à sua adaptação para uma série televisiva, mas a verdade é que os livros são imensamente melhores, mais complexos e apaixonantes. Martin tem o dom da escrita e o dom de surpreender os leitores. Paralelamente, conseguimos reconhecer na sua história de fantasia e do fantástico, muitos traços de realidade, um fundo histórico e por vezes uma critica à sociedade actual. A questão que fica é se ele irá algum dia escrever o que falta.
Lolita – Vladimir Nabokov
Esta é uma história de perversidade, de completa e absurda perversidade. É uma história de doença, de pedofilia, de morte e do pior que há na sociedade. Lolita é um livro muito pesado e duro, escrito de uma forma genial. Vemos toda esta sordidez pelos olhos do próprio pedófilo, Humbert Humbert (não, não era mesmo o nome dele), a personagem principal no seu próprio livro. Mas esta personagem, este pedófilo, era um professor de literatura com um dom muito peculiar para contar histórias e inverter situações. Isso torna a leitura deste livro algo quase caricato.
O Código Da Vinci – Dan Brown
Robert Langdon, conceituado simbologista, está em Paris para fazer uma palestra quando recebe uma notícia inesperada: o velho curador do Louvre foi encontrado morto no museu, e um código indecifrável encontrado junto do cadáver. Na tentativa de decifrar o estranho código, Langdon e uma dotada criptologista francesa, Sophie Neveu, descobrem, estupefactos, uma série de pistas inscritas nas obras de Leonardo da Vinci, que o pintor engenhosamente disfarçou. Tudo se complica quando Langdon descobre uma surpreendente ligação: o falecido curador estava envolvido com o Priorado de Sião, uma sociedade secreta a que tinham pertencido Sir Isaac Newton, Botticelli, Victor Hugo e Da Vinci, entre outros.
Travessuras da Menina Má – Mario Vargas Llosa
Qual o verdadeiro rosto do amor?
Ricardo vê cumprido, muito cedo na vida, o sonho que sempre alimentara de viver em Paris. Mas o reencontro com um amor da adolescência mudará tudo. Essa jovem, inconformista, aventureira, pragmática e inquieta, arrastá-lo-á para fora do estreito mundo das suas ambições.
Criando uma admirável tensão entre o cómico e o trágico, Mario Vargas Llosa joga com a realidade e a ficção para dar vida a uma história na qual o amor se nos revela indefinível, senhor de mil caras, tal como a menina má.
Paixão e distância, sorte e destino, dor e prazer… Qual é o verdadeiro rosto do amor?
O Monte dos Vendavais – Emily Bronte
O Monte dos Vendavais é uma das grandes obras-primas da literatura inglesa. Único romance escrito por Emily Brontë, é a narrativa poderosa e tragicamente bela da paixão de Heathcliff e Catherine Earnshaw, de um amor tempestuoso e quase demoníaco que acabará por afectar as vidas de todos aqueles que os rodeiam como uma maldição. Adoptado em criança pelo patriarca da família Earnshaw, o senhor do Monte dos Vendavais, Heathcliff é ostracizado por Hindley, o filho legítimo, e levado a acreditar que Catherine, a irmã dele, não corresponde à intensidade dos seus sentimentos. Abandona assim o Monte dos Vendavais para regressar anos mais tarde disposto a levar a cabo a mais tenebrosa vingança. Magistral na construção da trama narrativa, na singularidade e força das personagens, na grandeza poética da sua visão, nodoso e agreste como a raiz da urze que cobre as charnecas de Yorkshire, O Monte dos Vendavais reveste-se da intemporalidade inerente à grande literatura.
A Rapariga no Gelo – Robert Bryndza
Quando um rapaz descobre o corpo de uma mulher debaixo de uma espessa camada de gelo num parque do sul de Londres, a inspectora-chefe Erika Foster é imediatamente chamada para liderar a investigação. A vítima, uma jovem bela e rica da alta sociedade londrina, parecia ter a vida perfeita. No entanto, quando Erika começa a investigar o seu passado, vislumbra uma relação entre aquele homicídio e a morte de três prostitutas, encontradas estranguladas, com as mãos amarradas, abandonadas nas águas geladas de outros lagos de Londres. A sua última investigação deu para o torto, e agora Erika tem a carreira presa por um fio. Ao mesmo tempo que luta contra os seus demónios pessoais, enfrenta um assassino altamente mortífero e que se aproxima tanto mais dela quanto mais próxima ela está de expor ao mundo toda a verdade. Conseguirá Erika apanhar o assassino antes de ele escolher a próxima vítima?