Hoje resolvi falar-vos dos livros que mudaram a minha vida e que me moldaram enquanto leitora. Alguns já devem ter sido referidos umas quantas vezes aqui pelo blog, mas não faz mal. Ora vamos lá…
Colecção Arrepios – R. L. Stine
Para quem não sabe estes livros infanto-juvenis do Stine estiveram muito na moda há uns anos atrás. São pequenas histórias de terror, quando eu tinha uns dez anos adorava-os e era capaz de devorar um numa hora ou menos. Ora a colecção tem um tamanho bastante razoável, eles são muitos e não dava para os ter todos. Então, além de terem sido o meu primeiro vicio literário, estes livros são também os responsáveis pelas minhas primeiras visitas à biblioteca. Nessa altura a biblioteca da minha zona ainda não tinha empréstimo domiciliário então eu ia, escolhia 3 ou 4 e passava a tarde na biblioteca a ler histórias de terror. Um dia o bibliotecário, que por essa altura já me conhecia, disse-me “olha eu não sei quais é que já leste, então anda escolher” e levou-me à sala interior da biblioteca, onde normalmente o público não acede. Agora imaginem uma miúda de dez anos a entrar numa sala com três andares de estantes a abarrotar de livros, onde normalmente ninguém entra. As chances de me tornar médica acabaram logo ali!
Eu sou da geração Harry Potter. Fui lendo os livros à medida que foram sendo publicados, vendo os filmes quando estavam no cinema e assisti a todo o bum que esta série provocou. Apesar de ler antes e durante deste bum muitos outros livros, nunca perco a sensação que foi o Harry Potter que me tornou realmente leitora e me deixou o bichinho da leitura. E, por isso, estes foram realmente uns livros que mudaram a minha vida. Ainda hoje os tenho, não saem da minha estante e cheguei mesmo a saber várias partes do texto de cor de tanta vez que os lia…
O Meu Pé de Laranja Lima – José Mauro de Vasconcelos
Não me canso de recomendar este livro a toda a gente. Chorei baba e ranho da primeira vez que o li e choro ainda hoje, cada vez que lhe pego. É uma dor só! Mas ao mesmo tempo é tão lindo…
Conta-nos a história da infância do próprio autor, José Mauro ou Zézé, e é uma história de dor, sofrimento e pobreza mas também de muito amor e ternura. Lindo!
Li este livro, diria eu, quando ainda não tinha idade para ler este livro. É uma história veridica e muito forte, a história de uma mulher da Cisjordânia que se apaixona e engravida fora do casamento. Por isso, é condenada à morte. Mas não morre, foge, com o corpo em chamas, pela rua fora…
É um livro pesado e eu diria que foi a barreira entre os livros infanto-juvenis e a literatura para adultos. Marcou, sem dúvida, o fim de uma fase e o inicio de outra. E é também um livro que não sai da minha estante e que eu releio, de quando em vez. Forte.
Para onde vão os guarda-chuvas de Afonso Cruz
Hoje em dia eu tento evitar ao máximo os chamados preconceitos literários, até porque sendo bibliotecária não posso julgar estilos nem gostos literários. E consigo. Mas ninguém nasce ensinado e eu tive uma fase em que tinha (ai ai, vergonha) preconceito com a literatura portuguesa. Lia um ou outro clássico, mas nunca tinha lido nenhum autor português contemporâneo, porque achava que tinham pouca qualidade. Que grande asneira! Quando tive de ler o Para onde vão os guarda-chuvas, de Afonso Cruz, é que vi realmente o que andava a perder. Este livro é lindo, fantástico, maravilhoso, com uma prosa repleta de poesia, uma história cheia de magia e ainda assim tão real…
De salientar ainda o fim desta história, que eu nunca consegui ultrapassar. Foi o fim que mais me marcou. Difícil!
O Lolita é um livro difícil de ler e de digerir, um livro duro, cru. Mas é também um livro com muita qualidade. E é uma boa obra para percebermos a parcialidade dos livros e de quem nos conta a história. Esta obra é um empurrão para a realidade, para um mundo cruel e manipulado. E real.
Conta-nos a história da pequena Lolita, ou Dolores, e do seu padrasto, pedófilo, que se diz apaixonado por ela. É preciso ter um estômago forte, mas é uma leitura que vale muito a pena.