“Aos pés da cama que tínhamos partilhado por menos de um mês de noites. Os nossos lábios uniram-se, e lembrei-me da primeira vez – do gosto do chá adoçado pelo açucar. Este beijo tinha o sabor de oceanos. Foi terno e calmo e longo. Cada um de nós o imbuiu com aquilo que precisávamos que ele fosse. A memória daquele beijo teria de nos aguentar”

Pip Williams nasceu em 1969 em Londres e vive atualmente na Austrália.
Em O Dicionário das Palavras Perdidas conhecemos a história de Esme, uma menina orfã de mãe, que vive com o pai, que trabalha na criação do dicionário. Ao longo dos anos vemos Esme crescer, rodeada de palavras e vontades, tornar-se numa jovem mulher e mais tarde numa adulta, vemos a modificação da sociedade que a cerca e as crises que atravessa.
Admito que esperava um pouco mais. A leitura é fácil e doce, quase tão doce e simples como esta personagem principal que é Esme. Ela passa pela vida como se navegasse num barco sem remos, mas sem nunca enfrentar um verdadeiro temporal. Passa por situações difíceis, muito difíceis, mas a forma como lida com elas e a forma como são descritas na história dá-lhes uma sensação de leveza que chega a ser um pouco estranha. Em alguns momentos só queriamos que esta Esme pacata, calada e obediente, que não sabe o que quer para si nem para o seu futuro, se revoltasse e segurasse as rédeas da vida.
Gostei muito desta leitura, mas, como disse, esperava mais. Não foi um livro que me desse vontade de agarrar a vida. Parece mais credível, depois de o ter lido, apenas deixar que ela aconteça. É um daqueles livros que nos relembra que tudo é finito, que não há solução para nada, que todos partimos do mesmo ponto e acabamos no mesmo ponto.
Recomendado. 3,5*