Seis antologias que vale a pena conhecer

Antologia Camiliana da Novela e do Romance
Camilo Castelo Branco

Livro Físico

Camilo Castelo Branco nasceu em 1825, em Lisboa, e faleceu em 1890, em S. Miguel de Seide (Famalicão). Com uma breve passagem pelo curso de Medicina, estreia-se nas letras em 1845 e em 1851 publica o seu primeiro romance, Anátema. Em 1860, na sequência de um processo de adultério desencadeado pelo marido de Ana Plácido, com quem mantinha um relacionamento amoroso desde 1856, Camilo e Ana Plácido são presos, acabando absolvidos no ano seguinte por D. Pedro V. Entre 1862 e 1863, Camilo publica onze novelas e romances, atingindo uma notoriedade dificilmente igualável. Tornou-se o primeiro escritor profissional em Portugal, dotado de uma capacidade prodigiosa para efabular a partir da observação da sociedade, com inclinação para a intriga e análise passionais. Considerado o expoente do romantismo em Portugal, autor de obras centrais na história da literatura nacional, como Amor de PerdiçãoA Queda dum Anjo e Eusébio Macário, Camilo Castelo Branco, cego e impossibilitado de escrever, suicidou-se com um tiro de revólver a 1 de Junho de 1890.

Contos
Miguel Torga

Livro Físico

Poeta, romancista, dramaturgo e autor dum monumental Diário em dezasseis volumes, Miguel Torga é um dos grandes contistas da literatura portuguesa. Estreou-se neste género com Bichos (1940), uma das suas obras mais conhecidas e reeditadas. Em 1941 publicou Montanha, imediatamente apreendido pela polícia política. Editado no Brasil em 1955 com o título Contos da Montanha, o livro circulou clandestinamente em Portugal até 1968, ano em que foi de novo publicado em Coimbra, em edição de autor. Contos da Montanha e Novos Contos da Montanha (1944) formam um dos mais celebrados dípticos do autor. O presente volume reúne todos os contos de Miguel Torga, incluindo os livros Rua (1942) e Pedras Lavradas (1951).

Todos os Contos
Clarice Lispector

Livro Físico

Clarice Lispector nasceu a 10 de dezembro de 1920 na Ucrânia, então em vias de integração na URSS. Os pais eram judeus e o seu nome de batismo Chaya Lispector. A família fora vítima dos pogroms, particularmente intensos a partir de dezembro de 1918. Foi para fugir à devastação da guerra civil que os Lispectors emigraram para o Brasil em 1922, fixando-se primeiro em Maceió e depois no Recife. Clarice, nome adotado no Brasil, demonstrou um precoce interesse pelas palavras. Dava nomes aos azulejos, às canetas e lápis e inventava jogos de frases para a mãe, paralisada pela doença. No Recife, Clarice ajudava a família dando explicações de Português e Matemática, roubava rosas e rodeava-se de gatos. Desde o início, o seu estilo de escrita foi marcado por uma linguagem intimista e uma sintaxe excêntrica. Nos contos que enviava para o Diário de Pernambuco nunca iniciava as histórias por «Era uma vez…». Foi nessa época que Clarice leu alguns dos autores qua a iriam influenciar, como Machado de Assis e Monteiro Lobato. O Lobo das Estepes, de Hermann Hesse, e Crime e Castigo, de Dostoievski, emocionaram-na. Em 1933 decidiu ser escritora. «Quando conscientemente, aos treze anos de idade, tomei posse da vontade de escrever – eu escrevia quando era criança, mas não tomara posse de um destino – quando tomei posse da vontade de escrever, vi-me de repente num vácuo.» A mãe de Clarice faleceu em 1930. Cinco anos depois, a família, em dificuldades económicas, deslocou-se para o Rio de Janeiro. Depois de ter frequentado uma escola de bairro, Clarice foi admitida na Faculdade de Direito. Era então uma rapariga de cabelos claros, com uma pronúncia estranha e uma insólita beleza. O pai, Pedro Lispector, faleceu em 1940, de uma banal operação à vesícula. Pouco depois, Clarice iniciou a sua atividade como jornalista na Agência Nacional, onde conheceu o escritor Lúcio Cardoso, por quem se apaixonou e a quem tentou em vão “salvar” da homossexualidade. Em março de 1942, sob a influência das leituras de Espinosa, Clarice começou a escrever Perto do Coração Selvagem. O livro, publicado em 1943, agitou a literatura brasileira, marcada pelo realismo de Graciliano Ramos, Érico Veríssimo e Jorge Amado. É então que Clarice Lispector decide casar com um colega de faculdade, Maury Gurgel Valente. Como este seguia a sua carreira diplomática, Clarice deixa o Rio por duas décadas. Separa-se das duas irmãs, afasta-se dos escritores seus amigos e dos leitores. Conhece a monotonia da vida diplomática, primeiro em Nápoles, depois em Berna e Washington. Clarice teve dois filhos nesse período de afastamento do Brasil. Foi para eles que escreveu livros como A Vída Íntima de Laura e A Mulher Que Matou os Peixes. Em 1959, separa-se de Maury para poder regressar ao Rio. Continua «luminosa e inacessível» e conhece dificuldades financeiras, apesar de se ter tornado, depois de Laços de Família (1960), A Maçã no Escuro (1961) e A Paixão Segundo G. H. (1964), uma escritora de culto. A fama chega-lhe através das crónicas do Jornal do Brasil. Mas esse é também um tempo de tragédia. Sofre graves queimaduras num incêndio do seu apartamento e a esquizofrenia do filho mais velho agrava-se. «Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida», diz em Um Sopro de Vida, a sua última obra. Dá a sua última entrevista para a televisão em fevereiro de 1977, já gravemente doente. Morre em dezembro desse ano na sua cidade, o Rio de Janeiro.

Antologia Dialogante de Poesia Portuguesa
Organizador: Rosa Maria Martelo

Livro Físico

Podemos pensar a história da poesia como um extenso diálogo? Podemos entender a experiência de leitura como um vínculo intersubjectivo, uma forma mediada de amizade? E poderemos entender a escrita como uma prática emergente desse tipo de leitura? Esta antologia reúne poemas que mantêm entre si vários tipos de diálogos, e pretende seguir os fios que ligam certos poemas a outros que os precederam e que neles são retomados, celebrados, interrogados ou mesmo “emendados”. Trata-se menos de estabelecer diálogos entre textos do que de pôr em evidência vínculos já existentes, porquanto os textos mais actuais não teriam existido, pelo menos da mesma forma, sem aqueles que os precederam e com os quais se relacionam. O que se pretende organizar é um livro de diálogos entre diferentes autores, e acima de tudo entre diferentes poemas, umas vezes escritos à distância de poucos meses, outras vezes separados por séculos.

Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica
Natália Correia

Livro Físico

Depois de ver sucessivos livros seus apreendidos pela Censura do Estado Novo, Natália Correia aceitou o convite do visionário editor da Afrodite, Fernando Ribeiro de Mello, para organizar esta Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica. «Finalmente num único livro», prometia a cinta que acompanhava o volume, publicado em dezembro de 1965, «a poesia maldita dos nossos poetas», «as cantigas medievais em linguagem atualizada», «dezenas de inéditos» e «a revelação do erotismo de Fernando Pessoa». A obra causou escândalo e foi apreendida pela PIDE, com vários dos intervenientes julgados e condenados em Tribunal Plenário, num processo que se arrastou durante anos. É agora republicada pela primeira vez com as ilustrações originais de Cruzeiro Seixas, incluindo também novos textos introdutórios e reproduções de documentos que contextualizam um marco histórico na edição em Portugal.

Obra Essencial
Mário de Sá-Carneiro

Livro Físico

A obra de Sá-Carneiro preparada e organizada por Fernando Pessoa. Em 1928 Fernando Pessoa e João Gaspar Simões trocaram correspondência: a revista presença representada por este último tinha a intenção de publicar a obra completa de Mário de Sá-Carneiro e contactava Fernando Pessoa que, quase por disposição testamentária do poeta suicida, era reconhecido como o mais próximo e habilitado a separar obras de menor qualidade e o cânone definitivo do escritor. A revista presença chegou a anunciar nas suas páginas essa edição, mas a obra completa, organizada por Fernando Pessoa nunca viu a luz do dia. Vasco Silva, o mais importante publisher de Fernando Pessoa, parte do plano de edição da obra, das várias cartas e documentos de Pessoa sobre Sá-Carneiro e a sua obra para preparar uma edição única. A obra essencial de Sá-Carneiro como pensada por este e por Fernando Pessoa. Uma edição que, para além da obra propriamente dita, está recheada de informação biográfica sobre o outro grande nome do modernismo português.

[Sinopses de wook.pt]

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