
“Deus não irá por certo encolerizar-se com o que eu vou dizer: naquele tempo em que adorávamos o fogo e as estrelas, não éramos piores, nós, os filhos das ilhas, do que e hoje o Papalagui. Éramos de facto maus e vivíamos no meio das trevas, porque não conhecíamos a luz. O Papalagui, esse, conhece a luz e no entanto vive no meio das trevas, e no entanto é mau. Mas o pior é que ele se pretende filho de Deus e cristão, e quer fazer-nos crer que é o fogo, só por ter uma chama na mão.”
Publicado originalmente em 1920 O Papalagui relata a maneira como o chefe da tribo de Tiavéa nos Mares do Sul viu e o que pensou sobre os brancos e a sua forma de vida. São so discursos do chefe a explicar à sua tribo a comunidade branca, numa época em que tudo, desde a forma de vestir à forma de pensar dos brancos, lhes era desconhecida.
É um livro curto, que se lê em menos de nada, mas nem por isso é pouco compleo. Inicialmente, pensamos que é apenas algo “engraçado”, vemos o ponto de vista dos índigenas sobre as roupas e a cultura branca. Depois, com o correr das páginas, começamos a perceber que eles até têm razão em algumas coisas. Levam uma vida mais simples, mais honesta, mais ingénua (no bom sentido), mais conectada com o mundo…
Um livro divertido e bonito, que nos põe um sorriso nos lábios mas nos deixa a pensar em coisas sérias.
Muito recomendado. 4,5*