“Não sou bom ator. Fingir não é muito comigo e falta-me a astúcia dos cães bajuladores que sabem procurar a vida com próprios e estranhos, um latidozinho aqui, um joguinho acolá, um bailezinho ridículo como agitar a cauda em volta do dono, uns olhos suplicantes e comovedores para que lhes dêem um petisco, joguem com eles à bola ou caia qualquer coisa da mesa. Essas mariquices não são o meus estilo, como podem imaginar. Os cães maus não dançam.”
Arturo Pérez-Reverte nasceu a 25 de novembro de 1951 em Cartagena, Espanha. É escritor e jornalista e desde 2003 faz também parte da Real Academia Espanhola.
Em Cães maus não dançam conhecemos Negro, um cão de luta reformado que um dia se deixa capturar novamente para as lutas para poder salvar o seu amigo Teo, que foi raptado. Rapidamente se vê de novo nos ringues, a matar para sobreviver. O seu último adversário é, então, Teo.
Em Cães maus não dançam as personagens são cães, que fazem algumas coisas de cães e algumas coisas bastante humanas. É um pouco estranho de início mas como tudo, primeiro estranha-se, depois entranha-se. As personagens estão bem constrídas e é bastante interessante ler uma história em que os humanos são apenas personagens figurantes, para variar.
Ainda assim, é um livro que mostra o pior da raça humana. Uma obra cheia de tensão, pesada mas que se lê em menos de nada, que agarra o leitor do início ao fim. Uma história fora da caixa para nos falar daquilo que já sabemos: os humanos são maus. Deixa-nos um aperto no peito e mostra-nos a enorme capacidade literária desta autor. Não é uma narrativa fácil de construir, nem óbvia.
Livro recomendado. 4*