“-É isso que ninguém entende em mim. – Levantou a voz. – Eu nunca odiei ninguém. Eles é que me odiavam a mim. Eles é que se riam de mim, eles é que me abandonaram. Eles é que me importunaram e me atacaram. É verdade: aprendi a viver sem eles, sem ti, sem a mãe, sem ninguém!”
(p. 372)

Delia Owens nasceu a 4 de abril de 1949 na Geórgia, nos EUA. É autora e zoóloga.
Em Lá, onde o vento chora conhecemos a história de Kya, que aos seis anos vê a mãe partir ao longo da estrada com uma mala na mão, para nunca mais voltar. À mãe seguem-se os três irmãos mais velhos e por fim Jodie, o seu irmão preferido. Kya vive então durante algum tempo soziha com o pai, um ex-militar com um problema com o álcool, que tão depressa é um pai atencioso como passa dias seguidos sem sequer ir a casa. Então, quando Kya tem dez anos, fica definitivamente sozinha, quando também ele desaparece.
Na aldeia todos a conhecem como A Miúda do Pantanal, uma selvagem. Até que um dia uma estranha morte acontece e ela se torna a principal suspeita…
As expectativas estavam muito altas para este livro. Tenho lido imensos feedbacks positivos, tantos que já estava a desconfiar que não podia ser assim tão bom. Mas a verdade é que é.
Kya é uma personagem por quem facilmente qualquer leitor se apaixona. A viver numa situação extrema, abandonada pela mãe, pelos irmãos, pelo pai e mais tarde pelo rapaz por quem se apaixona, Kyya é, no fim de contas, condenada a viver assim pelas decisões alheias. Ou será que não? A determinada altura ela está tão habituada à sua própria solidão que já não consegue pensar em viver no meio das pessoas. Mas ao mesmo tempo, tudo o que ela quer é não estar em tão completa solidão…
Um livro comovente sobre a natureza humana e sobre as condições extremas em que uma pessoa consegue sobreviver, se fôr forçada a tal. Um livro profundo sobre solidão e amor e sobre o que é realmente importante, sobre ambiente, ecologia, preconceito e discriminação. Uma obra que é simultâneamente um drama, uma história de amor e quase um romance policial! Quase ficamos com vontade de ir até àquele pantanal e ficar lá a viver… com Kya!
É uma obra extremamente bem escrita, que agarra o leitor do início ao fim e que nos surpreende quando menos esperamos. Um final incrível, e talvez um tanto ou quanto difícil de ultrapassar.
Muito recomendado! 5*