“Mesmo assim, essa certeza não me tira o medo. Sinto-o nos pés. Estão outra vez dormentes. Têm medo de caminhar. São pés com medo de fazer o seu destino.”
“Da desgraça da vida, fez um oportunidade. Trabalhava com os dois lados do conflito político e assim pretendia continuar até que a providência salvaguardasse o seu segredo. A cor do meio colocara-o num mundo intermédio. Para uns, não era negro o suficiente e, para outros, precisava de aclarar a pele. Venerava os portugueses e tolerava os outros. Brancos e negros cumprimentavam-no cheios de salamaleques.”
Yara Monteiro nasceu em Angola, em 1979 e mudou-se com a família para Portugal ainda pequena. Tem uma licenciatura em recursos humanos e trabalhou na área durante 15 anos. Pratica yoga e meditação.
Em Essa dama bate bué! conhecemos a história de Vitória, uma jovem que nasceu em Angola mas foi criada pelos avós em Portugal e que pouco antes do seu casamento decide fugir para Angola à procura da mãe que nunca conheceu e da sua própria identidade.
É um livro com imensas (e boas) referências à cultura negra e à cultura Angolana. É também um livro que nos mostra uma parte da história de Angola, através da história desta jovem e da sua família, de uma maneira bastante interessante. Nesse aspecto, é possível aprender com ele e o leitor dá por si com vontade de continuar a ler e a saber mais.
Ainda assim foi um livro que não me conquistou. Tudo corre “às pressas”, sem aprofundamentos. É uma leitura estranha, como se o que estivessemos a ler não fosse realmente um livro de literatura. Basicamente, a história é óptima, mas a escrita não tem muitas qualidades literárias. É um discorrer de factos e acções sem fim nem intervalo, sem parar para respirar. E o título, pessoalmente, acho-o terrível!
Resumidamente, uma boa história, mas difícilmente será um livro capaz de concorrer a prémios literários de qualquer espécie. Não recomendo. 2*