“Juntamente com o pai, naqueles anos a trabalhar numa oficina de instrumentos de precisão, foi evacuada para Sverdlóvsk, onde rapidamente se encontrou num domícilio seguro – uma biblioteca, numa cave… Não era claro se isto era uma tradição enraizada há muito no nosso país: instalar obrigatoriamente num subterrâneo gelado, quais produtos da terra, os preciosos produtos do espirito – ou se se tratava de uma vacina preventiva para as próximas décadas [… ]”

Lyudmila Evgenyevna Ulitskaya nasceu a 21 de Fevereiro de 1943 em Davlekanovo na Rússia. Formada em Biologia, trabalhou como geneticista até perder o emprego por se ter ocupado em demasia com literatura proibida. A sua obra está traduzida em cerca de vinte línguas e em 1996 recebeu em França o Prémio Médicis para a melhor novela estrangeira com “Sónetchka”.
Sónetchka ou Sónia é uma jovem rapariga judia, bibliotecária, quando conhece Victor. Casam-se duas semanas mais tarde, têm uma filha, Tânia e mais tarde integram na sua casa uma segunda jovem, amiga de Tânia. Este livro traz-nos uma história comum, de pessoas comuns que podiam ser qualquer um de nós. Uma história de voltas e reviravoltas, de mudanças e aceitação. Como pano de fundo temos a guerra e a paz e a história de um povo.
Encontrei este livro na estante e já nem sei dizer, sinceramente, como veio cá parar. No entanto ele conquistou-me assim que o abri, e por uma razão muito simples: no início da história, Sónetchka é bibliotecária. Então a primeira parte do livro passa-se entre livros e as estantes da biblioteca. Como podia e largar um livro depois de um começo desses?
Adorei. Não é uma historia que nos traga algo de novo ou de diferente, que nos ensine algo extraordinário ou que faça uma grande mudança na nossa vida. É um livro singelo, com uma história singela de singelas alegrias e dores. Achei bonita a forma como, durante grande parte do livro, as personagens são agradecidas pela vida que têm, mesmo que a vida que têm nem seja nada de tão especial. É verdadeiramente bonito.
Livro recomendado. 3*