Por vezes existe uma certa tendência para preferir livros de autores estrangeiros, cuja história se passa noutros países. Para a contrariar, hoje resolvemos mostrar-vos alguns livros de literatura que são sobre portugueses ou que se passam em Portugal. Assim, ninguém pode dizer que não acontece nada por cá! 😉 Querem saber que livros são?
Nos Mares do Fim do Mundo – Bernardo Santareno
António Martinho do Rosário (que assumiu o pseudónimo literário de Bernardo Santareno) nasceu a 19 de Novembro de 1920, em Santarém, no Ribatejo e faleceu em Oeiras a 29 de Agosto de 1980. Foi escritor e dramaturgo. Esta obra, Nos Mares do Fim do Mundo, são os desabafos dele, a maior parte escritos durante tempo em que navegou no “David Melgueiro” como médico dos pescadores. Podem ler a nossa opinião completa neste post.
Arquipélago – Joel Neto
Açores, 1980. Uma criança desaparecida. Um homem que não sente os terramotos. Quando um grande terramoto faz estremecer a ilha Terceira, o pequeno José Artur Drumonde dá-se conta de que não consegue sentir a terra tremer debaixo dos pés. Inexplicável, esse mistério há-de acompanhá-lo durante toda a vida. Mas, entretanto, é hora de participar na reconstrução da ilha, tarefa a que os passos e os ensinamentos do avô trazem sentido de missão. Já professor universitário, carregando a bagagem de um casamento desfeito e uma carreira em risco, José Artur volta aos Açores. Durante as obras de remodelação da casa do avô, é descoberto um cadáver que o levará em busca dos segredos da família, da história oculta do arquipélago e de uma seita ritualista com ecos do mito da Atlântida. Mas é nos ódios que separam dois clãs rivais que o professor tentará descobrir tudo o que os anos, a insularidade e os destroços do grande terramoto haviam soterrado. Usando a mestria narrativa e o apuro literário dos clássicos, bem como um dom especial para trazer à vida os lugares, as gentes e a História dos Açores, Joel Neto apresenta o romance Arquipélago, em que a ilha é também protagonista.
Contos de Lisboa – Dejan Tiago Stankovié
A visão de dois estrangeiros sobre Lisboa, considerada uma das melhores cidades a nível mundial para estadias turísticas de curta duração. Um conjunto de contos de rara sensibilidade, que retratam a cidade, os seus modos de vida e os seus habitantes mais característicos, acompanhados de reproduções de vários quadros efectuados em exclusivo para o livro e que complementam os textos, remetendo-nos visualmente para a Lisboa mais típica e mais procurada por quem nos visita.
Viagens na Minha Terra – Almeida Garret
“Vou nada menos que a Santarém: e protesto que de quanto vir e ouvir, de quanto eu pensar e sentir se há de fazer crónica.” E assim nasceu a obra que viria a ser o marco do movimento romântico em Portugal. A narrativa de viagens (o percurso de Lisboa a Santarém) enreda-se na perfeição com a novela trágica de Carlos e Joaninha e ainda com todas as singulares e geniais divagações e reflexões de Garrett sobre o estado do seu país.
Contos – Miguel Torga
Poeta, romancista, dramaturgo e autor dum monumental Diário em dezasseis volumes, Miguel Torga é um dos grandes contistas da literatura portuguesa. Estreou-se neste género com Bichos (1940), uma das suas obras mais conhecidas e reeditadas. Em 1941 publicou Montanha, imediatamente apreendido pela polícia política. Editado no Brasil em 1955 com o título Contos da Montanha, o livro circulou clandestinamente em Portugal até 1968, ano em que foi de novo publicado em Coimbra, em edição de autor. Contos da Montanha e Novos Contos da Montanha (1944) formam um dos mais celebrados dípticos do autor. O presente volume reúne todos os contos de Miguel Torga, incluindo os livros Rua (1942) e Pedras Lavradas (1951). São contos maravilhosos, que nos levam ao Portugal profundo de hoje e de ontem, numa escrita em que cada palavra tem um toque de poesia.
O Último Cabalista de Lisboa – Richard Zimler
Em abril de 1506, durante as celebrações da Páscoa, cerca de dois mil cristãos-novos foram mortos num pogrom em Lisboa e os seus corpos queimados no Rossio. Reinava então D. Manuel, o Venturoso, e os frades incitavam o povo à matança, acusando os cristãos-novos de serem a causa da fome e da peste que flagelavam a cidade. Berequias, sobrinho e discípulo de Abraão Zarco – iluminador e membro respeitado da célebre escola cabalística de Lisboa -, vai encontrar o tio e uma jovem desconhecida mortos na cave que servia de templo secreto desde que a sinagoga fora encerrada pelos cristãos-velhos. Um valioso manuscrito iluminado também desapareceu do seu esconderijo. Estarão os dois incidentes relacionados? Terá sido um cristão ou um judeu, como os indícios fazem crer, a assassinar o tio? Quem será a rapariga morta? Publicado originalmente em Portugal, O Último Cabalista de Lisboa é um extraordinário romance histórico, que catapultou o seu autor para um sucesso internacional, tendo sido publicado em toda a Europa, nos Estados Unidos e Brasil, onde depressa se tornou um bestseller.
Paixão de Lisboa – Rebecca Scott Cabral
Quando a vida perfeita de Josie em Londres fica repentinamente virada do avesso, esta inglesa inexperiente resolve aceitar, com algum cepticismo, e apenas para arejar as ideias, a oportunidade de um emprego em Lisboa. Será que o que vai encontrar em Portugal é mais do que a soma de tudo o que perdeu? Esta não é uma história de amor e, no entanto, ao mesmo tempo, é exactamente isso. Uma história de amor pela vida, de amor-próprio, de amor por sexo, de amor por Lisboa, nascida a partir de tantas outras histórias de jovens mulheres, oriundas de vários pontos do Mundo, que se perderam e se reencontraram nas ruas sinuosas e nos recantos secretos da capital portuguesa. Num registo hábil e sensual, Paixão de Lisboa mostra-nos uma cidade poderosa capaz de causar dor e prazer, deslumbramento e desespero, a todos os forasteiros que tentam decifrar os seus segredos e se vêem impotentes para transformar a sua natureza – mas que, inevitavelmente, acabam eles próprios por se verem transformados pela cidade.
História do Cerco de Lisboa – José Saramago
«Há muito que Raimundo Silva não entrava no castelo. Decidiu-se a ir lá. O autor conta a história de um narrador que conta uma história, entre o real e o imaginário, o passado e o presente, o sim e o não. Num velho prédio do bairro do Castelo, a luta entre o campeão angélico e o campeão demoníaco. Raimundo Silva quer ver a cidade. Os telhados. O Arco Triunfal da Rua Augusta, as ruínas do Carmo. Sobe à muralha do lado de São Vicente. Olha o Campo de Santa Clara. Ali assentou arraiais D. Afonso Henriques e os seus soldados. Raimundo Silva “sabe por que se recusaram os cruzados a auxiliar os portugueses a cercar e a tomar a cidade, e vai voltar para casa para escrever a História do Cerco de Lisboa. Uma obra em que um revisor lisboeta introduz a palavra “não” num texto do século XII sobre a conquista de Lisboa aos mouros pelos cruzados.» (Diário de Notícias, 9 de Outubro de 1998)
Pelos Caminhos Assombrados de Portugal – Vanessa Fidalgo
Da curiosidade, da singularidade e da profícua imaginação popular nasceram a maioria das histórias que povoam a nossa tradição oral. Transmitidas de boca em boca e depois de geração em geração até aos dias de hoje, as histórias de fantasmas, bruxas e antigos heróis – que ninguém sabe ao certo se realmente existiram – tornaram-se parte imprescindível da identidade de uma comunidade. Num país onde é quase impossível encontrar uma aldeia ou encruzilhada que não tenha uma lenda povoada de detalhes misteriosos e criaturas sobrenaturais – nem que seja um simples “bicho papão” para amedrontar os forasteiros -, Pelos Caminhos Assombrados de Portugal, o novo livro da jornalista Vanessa Fidalgo, propõe uma visita a muitos dos cantos e recantos de Portugal onde a memória popular não falhou e onde, sem receios nem vergonhas, há um povo que continua a identificar-se com a sua história, as suas tradições populares e a mais peculiar herança dos seus antepassados: o seu património oral.
Psicopatas Portugueses – Joana Amaral Dias
«O primeiro trabalho clínico que reúne os protagonistas da criminologia portuguesa, uma viagem ao recôndito das suas mentes perversas, uma descida às suas doentes e pérfidas motivações. Psicopatas Portugueses é também um trabalho de Psicologia Forense e procura revelar o quanto o assassínio é complexo, um fenómeno intricado que ocorre no contexto de uma imensa multiplicidade de factores pessoais e culturais.»
Os casos: Luísa de Jesus (última condenada à morte em Portugal), Francisco Esperança (Monstro de Beja), o estripador de Lisboa, Francisco Leitão (Rei Ghob), etc.