“Se a tua mente pensa em vingança, não importa como a carregas. Quase abracei a arma e a faca como se fossem minhas amantes. Deram-me forças. Não temia morrer quando tinha as armas comigo. Os alemães lutavam por poder e glória. Nós lutávamos pelas nossas casas, as nossas famílias, a nossa vida.”
“Somos peixes indefesos num oceano de tubarões, pensei. Não podemos nadar por eles ou à volta deles. Se tentarmos, somos comidos. O que quer que façamos, estamos à espera para morrer.”
Joe Rosenblum nasceu em 1925, em Miedzyrzec, na Polónia, uma cidade lentamente estrangulada, até à morte, pelos nazis. Embora Joe tenha perdido a maior parte da família e dos amigos no Holocausto, salvou muitas pessoas.Depois de libertado, trabalhou alguns anos na Alemanha, emigrando mais tarde para os EUA, onde prosperou na construção civil.
Em O Carteiro de Auschwitz conhecemos a história de Joe, que mal passava ainda de uma criança quando estourou a Segunda Guerra Mundial. Joe foi mantido num gueto, fez parte da resistência e acabou por ir parar aos campos de concentração nazis.
Esta é uma história dura, como o são todas as histórias verídicas sobre este tema. No entanto foi também uma história que me impressionou imenso, não apenas pelas crueldades que retrata, mas pela personalidade do jovem protagonista. Ele era um adolescente quando a sua vida se virou de pernas para o ar, mas mostra nesta história uma coragem, uma persistência, fé e esperança que muitos adultos não teriam. É verdadeiramente impressionante a forma como lida com toda a situação e a sua vontade de viver.
Este é um bom livro para nos abrir os olhos, não só para este tema, mas também para nos pôr a pensar na forma como muitas vezes nos queixamos da vida que temos e afinal essa vida até é bastante boa. Atrevo-me a dizer que “não chegamos aos pés” de Joe.
Um livro extremamente bem escrito, de uma clareza ímpar. Uma história dura mas que é um verdadeiro exemplo de vida.
Muito, muito recomendado!
5*